Por: Renato Carvalho/SIMI
O #PerfilEmpreendedor desta semana conta um pouco das experiências e visões do responsável pela Tecnologia e Marketing na MyPS, Bruno Ferrão. Com 39 anos, ele aposta no Growth Hacking como caminho para o sucesso de qualquer empresa.
Confira a entrevista completa:
SIMI: Como você entrou na MyPS?
Bruno: Eu tinha uma agência de marketing digital. A Juliana Brasil, fundadora da startup, foi minha colega de trabalho na Reciclo Comunicação, uma agência onde participei na criação do núcleo de inteligência digital, na época da convergência offline + digital. Fomos colegas durante um ano e meio. Quando teve a ideia de montar a MyPS, me procurou e acabei entregando uma consultoria, explicando como funciona os modelos de negócios e a gente desenvolveu a plataforma juntos. Eu recomendei que procurasse o ecossistema de startups, pois vi que o negócio tinha a ver com inovação e seria interessante para absorver o conhecimento e fazer conexões. Mais tarde, quando ela participou do programa de pré-aceleração do Lemonade, ela me procurou e me passou um monte de demandas. Eu vi que era muita coisa e que a plataforma precisaria de ajustes constantes. Foi aí que acabei entrando para a equipe.
SIMI: Mas você já tinha tido algum contato com empreendedorismo?
Bruno: Eu frequento o SEED desde o primeiro ano, no primeiro Batch. Participei do primeiro Startup Weekend de BH e, na época, eu tinha uma startup que chamava Clube do Saldo, que também era do setor de moda e vestuário. Era um marketplace que conectava marcas de roupas com lojistas de todo o Brasil. Pouca gente sabe, mas muitas vezes, algumas marcas costumam ir para a China fazer um grande pedido, trazem um container com roupas e só conseguem vender 70%. Os outros 30% não tem destino certo. Eles não têm o que fazer com esse saldo. O Clube do Saldo pegava esse material e negociava com lojas de todo o Brasil todo com um valor mais interessante.
SIMI: Você falou que esteve presente em diversos momentos dos SEED. O que você notou de diferença? Como foi essa evolução?
Bruno: Mudou em termos de amadurecimento. Não só o SEED, mas o ecossistema como um todo. A forma de lidar com startups e desenvolvimento de empresas evoluiu. Agora temos muito mais especialidades, mais informação, muito mais oportunidades de conexão com negócios e investidores. Há também uma participação mais ativa do estado. Naquela época não tínhamos a FINIT e esse evento sensacional é só uma ponta do trabalho que o pessoal da Sedectes está fazendo no estado.
SIMI: Como as startups lidam com a comunicação? Qual a importância de dar valor à esta área?
Bruno: Isto é uma coisa que mudou muito desde a primeira turma do SEED. No Clube do Saldo, tínhamos uma preocupação muito pequena com marketing e comunicação. Mas, esta área tem um papel fundamental no processo, não só para colocar a empresa na prateleira, mas para acelerar as vendas e proporcionar mais conexões.
SIMI: Na área de marketing, você tem algum conselho para quem está começando a empreender?
Bruno: O Growth Hacking* é indispensável para qualquer startup. Temos um grupo super ativo no Facebook que chama Growth Hackers Brasil, onde estão reunidos os principais profissionais atuantes no Brasil e a troca é muito legal. Fizemos o primeiro meetup de Growth Hackers em BH, no final do ano passado. A gente pretende fazer o segundo assim que começar a próxima rodada do SEED, porque queremos disseminar o mindset entre as novas startups.
SIMI: Na faculdade de comunicação ainda é raro ver algum incentivo para empreender. Como mudar esse mindset? Como incentivar os profissionais desta área a abrir seu próprio negócio?
Bruno: Agora que está mais claro o papel fundamental da comunicação e do marketing também no cenário da inovação, o pessoal tem que começar a participar mais e absorver mais do ecossistema e fazer parte. As startups precisam ficar ligadas nisso e procurarem esses profissionais. Normalmente, quem forma em comunicação vai procurar empregos tradicionais, que já não conta com muitos postos de trabalho. Precisamos desse pessoal mais envolvido com o ecossistema.
SIMI: Qual a importância do Growth Hacking para as empresas?
Bruno: Growth Hacker é um profissional que reúne conhecimentos de T.I, engenharia, de marketing e precisa ser criativo. Ele é fundamental em qualquer startup porque é quem vai implementar estratégias fora da curva, para alavancar e fazer crescer mais rápido. Fomos destaque no SEED na rodada passada, ganhamos uma viagem para o Vale do Silício, e o que vimos por lá, é que as startups adotam esse mindset desde o estágio inicial.
SIMI: Você tem alguma meta pessoal como empreendedor?
Bruno: Minha mãe acha que é um defeito, e eu acho que é uma virtude. Eu tenho uma coisa comigo de ajudar as pessoas. Além da MyPS, estou sempre buscando dar uma força para a galera que está empreendendo. Às vezes uma mentoria, às vezes uma consultoria, ou só uma dica, tentando mostrar algo que não tenham notado ainda. Eu tenho essa coisa de ajudar, de querer fazer parte desse processo.
SIMI: O que o SEED acrescentou para você?
Bruno: O SEED foi um divisor de águas. O crescimento profissional é uma coisa absurda: muitas conexões e muito conhecimento absorvido em um período tão curto de tempo. Eu já estava começando a trabalhar a consultoria, mas depois do SEED a coisa deslanchou. O programa agregou demais à minha vida.
SIMI: Qual é a diferença para a rotina de trabalho em uma startup e para uma empresa tradicional?
Bruno: Na empresa tradicional não é que você trabalha 8 horas por dia, às vezes é muito mais que isso também fazendo hora extra. Mas, em sua startup, é 24/7, você dorme e acorda pensando naquilo. Tudo que faz é pensando naquilo, até nos momentos de lazer. É mais prazeroso, porque você está construindo algo próprio. Além disso, a startup tem um time, que está em sua responsabilidade, as pessoas contam com você. O peso é muito maior.
SIMI: Você tem alguma referência na área, alguém em quem você se inspira?
Bruno: Um nome que qualquer Growth Hacker conhece é o Raphael Lassance. Ele é referência no Brasil em Growth Hacking e dá muita palestra pelo país. É um profissional fora de série.
SIMI: O que você gosta de fazer nas horas livres?
Bruno: Eu gosto muito de cultura. Então estou sempre trabalhando na cena musical daqui, principalmente com o pessoal autoral. Faço o BH Tattoo Festival, mas eu estou envolvido com esse pessoal das banda. Eu toco guitarra desde os 11 anos de idade e já tive uma cinco bandas. Quando era mais novo ouvia muito metal, estamos em BH, né, berço do Sepultura.
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*Growth Hacking pode ser definido como marketing orientado a experimentos. Com ele, é possível encontrar oportunidades – hacks – e criar estratégias específicas visando o crescimento – growth – da empresa ou startup.
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