Demoday encerra a quinta rodada do SEED

Demoday encerra a quinta rodada do SEED

A quinta rodada de aceleração do SEED chegou ao final. E, para fechar com chave de ouro, aconteceu na última quarta-feira, 30/01, o Demoday. Recebemos mais de 450 pessoas, entre empreendedores, autoridades, investidores, membros do ecossistema de tecnologia e inovação e interessados no Auditório JK, na Cidade Administrativa, em Belo Horizonte.

Durante o evento foram apresentados os resultados da 5ª rodada de aceleração do SEED, que aconteceu entre julho de 2018 e janeiro de 2019. 34 startups e 88 empreendedores concluíram a rodada e receberam seus certificados durante o Demoday, “foi um momento de encontro do ecossistema de empreendedorismo e inovação de MG, em que pudemos ver a evolução das startups e reconhecer os atores que contribuíram conosco”, diz André Paes, da Boavinda. Também foi uma oportunidade de reconhecer os parceiros que ajudaram os empreendedores da rodada com mentorias, workshops, sendo jurados de bancas e recebendo as startups em suas empresas.

As startups destaque da rodada, ou seja, aquelas que tiveram o melhor desempenho, foram a Metha Energia, a Niduu, o Bagy, a VG Resíduos, e a SporTI que fizeram seus pitches (a famosa apresentação do negócio) para o público.

A grande novidade deste ano foi o lançamento do documentário da 5ª rodada (que pode ser assistido aqui). O material conta a jornada dos empreendedores nos seis meses de programa, os desafios e habilidades desenvolvidas. Foi, também, anunciado o lançamento do Playbook SEED, um guia prático que compartilha a forma como o programa acelera startups e fomenta ecossistemas e estará disponível em breve.

A 5ª rodada do Seed recebeu, ao todo, 1.073 inscrições. As 40 startups selecionadas são compostas por empreendedores dos mais diversos estados brasileiros, como Maranhão, Pernambuco, São Paulo e Rio de Janeiro. Após 24 semanas, 35 startups e 88 empreendedores encerram o ciclo de aceleração e comemoram os resultados.

“Seis meses depois, mais do que melhorar a minha startup, passar pelo SEED me ajudou a descobrir quem sou e explorar todo o meu potencial. Foi um divisor de águas para mim e para a SporTI”, conta Sandrelise Chaves, COO SporTI.

O programa conta com uma equipe de agentes de aceleração formada pelo próprio Seed, que acompanha os empreendedores semanalmente e os ajuda no desenvolvimento do negócio. Oferece diversas atividades como bancas de avaliação, workshops, mentorias com profissionais experientes, visitas a startups de sucesso, palestras e eventos.

“A quinta rodada foi a consolidação da metodologia de aceleração que o programa foi desenvolvendo ao longo do tempo. Fizemos um processo visando profundidade técnica, engajamento e conexão com o ecossistema. Termino a rodada muito satisfeito com o resultado e certo da evolução contínua do Seed”, diz Daniel Oliveira, coordenador do programa.

Os empreendedores realizam, ao longo da rodada, atividades de difusão da cultura empreendedora por toda Minas Gerais, contribuindo para fomentar o empreendedorismo e a inovação pelo estado. Até agora, os empreendedores da 5ª rodada se envolveram em 770 atividades distribuídas em 1.784 horas. Mais de 20 mil pessoas foram impactadas.

“A difusão foi muito bacana para nós, porque além de ajudar outras pessoas, o que por si só já é um ganho, também possibilitou contatos importantes com parceiros estratégicos, como clientes e fornecedores”, diz Victor Soares, da Metha Energia.

Principais números da 5ª rodada:

  • 722 checkpoints (encontros semanais entre agentes de aceleração e startups);
  • 96 mentorias;
  • 1.020 horas de mentorias personalizadas, atividades e conexões para as startups;
  • 13 empresas recebendo participantes do SEED no Day Out;
  • 11 workshops;
  • 45 mentores na base;
  • 50 jurados de bancas;
  • R$ 5 milhões de faturamento das startups (até dezembro de 2018);
  • 878 atividades de difusão com 2.090 horas dedicadas;
  • 20.251 pessoas impactadas;
  • 18 eventos internos;
  • 11 eventos do ecossistema no SEED;
  • 1.175 pessoas nos eventos da rodada (número total de agosto até dezembro de internos e externos);
  • 19 visitas agendadas sendo 29h dedicadas e 274 pessoas impactadas;
  • 1.776 visitantes recebidos.

#BeSEED

Consciência negra no programa de aceleração

Consciência negra no programa de aceleração

Dia 20 de novembro comemoramos o Dia da Consciência Negra, dia de resistência e de luta. Para falarmos sobre representatividade dentro do nosso ecossistema e do SEED, demos voz aos nossos empreendedores.

Bruno Souza, da Klopr

“Pra gente que é negro e brasileiro, vemos que não há uma valorização da contribuição da cultura negra na formação da cultura brasileira. Hoje, vale ressaltar, é verdade, a situação mudou muito! Eu não imaginava ver tanta mulher de cabelo crespo orgulhosa de si mesmo, usando um black power foda! Você se aceitar como negro e enxergar que não precisa entrar na forma da L´oreal Paris pra a galera te achar bonito.

Aqui no SEED eu me sinto bem, respeitado e tranquilo. Nunca vi um olhar tentando me medir, sabe? Tipo, quando a pessoa te olha da cabeça aos pés. nunca passei por esse tipo de situação. Já recebi um amigo meu aqui e, aparentemente, ele também teve o mesmo feeling. Só o fato da gente ter uma comissão de equidade de gênero, demonstra que as pessoas levam as diferenças bem a sério. Na minha opinião, é um safe place. Talvez, pelo perfil das pessoas e finalidade porque tá todo mundo reunido aqui. Devemos manter esse tipo de trabalho, da comissão, e não deixar a peteca cair. Afinal, a gente sabe que não é um assunto que está atrelado diretamente a dinheiro e afins, mas influência de uma forma foda! Quem não passa por certos constrangimentos, pode não ver valor por achar que não vai dar um retorno para a empresa.”

Marcos Moreira, Onboard Mobility

“Eu mesmo passei 18 anos da minha vida me reconhecendo como nada, até que entendi e percebi a negritude em mim. É um processo que estou em construção ainda, e que perpassa todo brasileiro de pele negra clara. Eu não sei como o SEED poderia ser um safe place, acho que assim como a luta feminista e LGBT, não podemos nos esquecer de que existe um problema de raça quando nos propomos a debater, como fizemos no InspiraSEED: diversidade para desenvolvimento de startups. Não dá pra falar sobre desigualdade no país sem falar de raça. Se o SEED quiser realmente mudar a realidade e pouca representatividade precisa fazer um trabalho de base. As universidades parecem base, mas não são. Lá negros ainda são minoria, mesmo com cotas. Eu tô falando de levar a difusão pra periferia, para escolas públicas e centros comunitários.”

Suar a camisa e colocar um bom time em campo são caminhos para sua startup crescer

Suar a camisa e colocar um bom time em campo são caminhos para sua startup crescer

Sandrelise não esconde a alegria quando o assunto é a SporTI, startup que está ajudando a alavancar. Formada em Direito, com mestrado pela UFMG, ela conta que tudo começou a partir da inquietação de outro empreendedor nato, Cristian Gomes, hoje CEO da SporTI. Os dois buscavam modelos de negócios inovadores e começaram a desenvolver, em 2014, duas ideias. A primeira era um aplicativo para gestão de condomínio e a outra era um aplicativo para conectar pessoas a profissionais de mercado chamada Melhor 60.

A experiência construída pela tentativa de alavancar esses dois negócios contribuiu muito para que os laços de amizade e respeito se estreitassem entre Sandrelise e Cristian Gomes. Como a vontade de criar algo inovador estava na veia de ambos, eles foram galgando, pouco a pouco, e maturando as ideias com a ajuda de dois estudantes da UFMG – um deles, Diogo Leite é hoje CTO da empresa. O time, então, começou a desenvolver o aplicativo Melhor 60 que, por meio de geolocalização, mostrava os fornecedores de serviços e produtos e conectava a potenciais clientes.

O projeto foi inscrito na Terceira Rodada do Seed – Programa de Aceleração de Startups do Governo de Minas, mas eles não foram selecionados. Com resiliência e vontade crescente de inovar, não desistiram. Em 2016, começaram a olhar com mais atenção o mercado ligado aos torneios de futebol e sua carência na área de gestão.

A mágica começou quando os sócios patrocinaram uma equipe de futebol e puderam conhecer de perto a burocracia e a papelada que envolviam as empresas que organizam torneios de futebol amador. “O escritório da Federação Mineira de Futebol Sete parecia mais com o Fórum Lafayette, com suas pilhas inesgotáveis de papel”, brinca Sandrelise. E foi nesse momento que nascia a ideia de criar a SporTI. Perceberam que a tecnologia poderia melhorar aquela situação e não pensaram duas vezes!

A demanda não era a construção apenas de um site web ou melhoria da comunicação, era algo maior que envolvia toda a gestão dos torneios. O grande volume de papel, falhas na gestão de pagamentos, estrutura e logística não davam jogo. Era preciso mudar aquela realidade.

Nasce uma startup com demanda real para mudar a vida das pessoas

A SporTI é uma plataforma para concentrar as demandas de federações de futebol. Hoje a empresa já realizou mais de 300 competições e sua base conta com mais de 25 mil usuários. Com 10 colaboradores diretos, a SporTI não para de crescer. Foi preciso escutar muito os clientes e ouvir o que eles tinha a dizer. Assim, aprenderam sobre o mercado e isso permitiu um crescimento rápido e contínuo.

Não basta uma boa ideia, é preciso validar

Mas era preciso conferir se a ideia realmente era boa e foi na Copa Alterosa de Futebol, em agosto de 2016, que o pontapé inicial foi dado. O resultado não poderia ser outro, bola na rede com um gol de placa! A aceitação e o retorno dos usuários mostrou que o time da SporTI estava afinado. Além de melhorar a gestão do torneio, era possível ampliar o faturamento e evitar trabalhos repetitivos.

Depois do sucesso da gestão na Copa Alterosa, a CBF 7 também aderiu à plataforma. A partir daí, foi só comemorar o sucesso que já começava. Atualmente, a SporTI está presente nacionalmente e com forte atuação no Espírito Santo, Rio Grande do Sul e Paraná, além de gerir outras modalidades de esporte como vôlei e kart.

O sucesso sempre é uma junção de vários elementos, como persistência, vocação, vontade de crescer e também a ajuda de outras pessoas. A SporTI encontrou no Seed – Programa de Aceleração do Governo de Minas – incentivo não apenas para crescer, mas para crescer de modo ordenado. Além disso, a startup conta com o apoio da FCJ Participações, que contribui para o projeto.

Mas, assim como no esporte, ninguém ganha um torneio sozinho. É preciso de um bom time e muita vontade de superar obstáculos. Para Sandrelise, precisamos suar a camisa para a startup crescer. “Sabemos que todo início é difícil e requer muito empenho.”

Dicas preciosas para colocar seu time em campo

O primeiro ponto fundamental é a observação. “Temos diversos problemas ao nosso redor, como questões sociais e econômicas. Precisamos olhar para eles e buscar soluções possíveis”, afirma Sandrelise. Ela ressalta ainda que esse olhar precisa ser empático, ou seja, devemos nos colocar no lugar do outro. A segunda dica da especialista é sobre a construção de um time. “É preciso buscar pessoas que vibram na mesma sintonia que a nossa – a equipe faz toda a diferença”, destaca.

Sandrelise tem um dom raro de perceber o negócio para além do espaço circunscrito. Ela sabe que a jornada que está construindo reverbera para um espaço muito maior. São milhares de pessoas que dependem do esporte para cuidar de suas famílias e esforços inócuos e processos burocráticos emperram o país, nos colocando sempre em uma situação aquém da nossa capacidade. “Quando a gente olha e observa que fazemos parte de um todo muito maior, isso nos une ainda mais aqui na SporTI”, finaliza.

SEED – visibilidade para o empreendedorismo feminino

SEED – visibilidade para o empreendedorismo feminino

A Comissão de Equidade de Gênero do SEED promove a partir desta semana, durante o FINIT Festival 2018, suas primeiras atividades abertas ao público. No mês de novembro serão quatro, ao todo. A primeira ação foi lançada no dia 08/11, uma parceria com a ONG Mulheres S.A em que 11 empreendedores do SEED oferecem mentorias para empreendedoras do estado de Minas Gerais durante nove semanas, até o final do programa. Os mentores atuarão como agentes de aceleração e ajudam a dar um direcionamento para seus negócios.

No dia 13/11 acontece na Arena HUB o SEED Talks: comunicação não violenta para equidade de gênero, a partir das 19h, que traz um grupo especializado na metodologia para discutir suas possibilidades no contexto do tratamento de questões de equidade de gênero. As inscrições são gratuitas pelo Sympla.

No dia 19/11 será a vez do SEED recebe o InspiraSEED: diversidade para desenvolvimento das startups, um evento para empreendedores conversarem sobre diversidade, em uma roda de discussão baseada nos pilares do HeForShe, e uma dinâmica para equilíbrio de gênero, utilizando as técnicas da Gestalt, com Amanda Pires Cerqueira. A proposta é oferecer uma imersão para que os selecionados da rodada possam conversar abertamente sobre o tema.

Para fechar o mês do empreendedorismo feminino, acontece também na Arena HUB o SEED Experience: diversidade que dá certo, ainda com data a confirmar, com apresentação de pesquisas e experiências de organizações que conseguiram endereçar o tema da equidade de gênero com sucesso. Em breve mais informações sobre o evento de encerramento.

Empreendedorismo tecnológico e desigualdade

Desde a sua primeira primeira edição, os empreendedores acelerados pelo SEED são predominantemente homens. Na quinta rodada, que acontece em 2018, não é diferente e os números sofreram até quedas. Das 35 startups em processo de aceleração, seis são lideradas por mulheres e do total de 95 empreendedores, 13 são do sexo feminino. Ainda, 15 convidados tiveram espaço no palco de eventos promovidos pelo programa desde julho, destes, apenas uma era mulher.

Visando a contribuir para mudar esta realidade, um grupo do SEED – formado por membros da equipe e empreendedores – fundou uma comissão de equidade de gênero. Seu trabalho pretende dar visibilidade às mulheres que constroem o ecossistema de empreendedorismo e inovação, valorizar sua participação, incentivar o empreendedorismo feminino de base tecnológica, assim como a inscrição e consequentemente a seleção de um maior número de mulheres no programa.

A comissão, formada por Isabela Scarioli, head de comunicação do SEED, Fernanda Lacotix, content builder do SEED, Sandrelise Chaves, da SporTI, Tatiana Rihan, da Udeet e Marcos Moreira, da Onboard Mobility, se encontra semanalmente desde o início da rodada para entender melhor as questões relacionadas ao tema, discutir maneiras de abordá-las e propor ações que contribuam para a causa. Os encontros já receberam também empreendedores convidados para apresentar conteúdos e experiências relativos ao tema.  Além disso, uma das propostas do grupo é contar a história das empreendedoras do SEED. Confira a apresentação do projeto aqui.

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Contatos:

Isabela Scarioli – isabela.scarioli@200.198.6.241
Fernanda Lacotix – fernanda.lacotix@200.198.6.241     

Growth Hacking: o que é e como aplicar passo a passo

Growth Hacking: o que é e como aplicar passo a passo

Por: Pedro Calvo

Via: xgrowth

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Growth Hacking é um termo que vem sendo bastante usado por profissionais de marketing e produto. Mas afinal: o que é Growth Hacking? Como aplicar?

O que é Growth Hacking?

Growth Hacking é um processo de rápida experimentação para identificar as maneiras mais eficientes e eficazes de crescer um negócio utilizando canais de marketing e desenvolvimento de produto.

Em outras palavras, trata-se de um processo bem definido e consistente que abrange produto e marketing trabalhando juntos para escalar ao máximo um negócio.

E com serviço? Será que funciona?

Olha, pode até funcionar. Há quem aplique, porém, normalmente, serviços não são tão escaláveis quanto produtos e o seu gargalo poderá ser a falta de capacidade de atender os clientes.

A ideia, a priori, é sempre um crescimento escalável. Cada vez maior. E como isso é possível? Continue lendo o texto que você entenderá por completo os conceitos e como aplicar o Growth Hacking.

Exemplos do uso do Growth Hacking

Vamos comparar uma equipe de marketing com uma equipe de Growth.

Uma nova campanha de marketing foi feita visando a aquisição de clientes. Ela atingiu um milhão de pessoas e trouxe mil clientes: um em cada mil converteram.

Uma boa equipe de marketing realizará uma pesquisa de mercado para procurar identificar os impactos positivos e os negativos sobre a marca a partir desta campanha em questão. Esse estudo deve apontar as lições aprendidas, os acertos, os erros e o que levou a um bom resultado, aumentando as chances da equipe fazer uma próxima campanha que também seja bem sucedida.

Trabalhando sobre essa mesma campanha, uma boa equipe de Growth terá realizado diversos testes no decorrer e saberá, de maneira objetiva, quais são os pontos de otimização e possíveis oportunidades de escala para que a próxima ação seja ainda mais eficaz.

A diferença entre o trabalho das duas equipes sobre a mesma campanha é que a equipe de Growth se prepara antes mesmo do lançamento da ação para definir quais testes de maior impacto deverão ser realizados. Além disso, ao longo do processo, irá documentar todos eles e testar o máximo que conseguir da maneira mais científica possível. Quanto melhor o trabalho com os dados, mais fidedignos serão resultados dos testes.

Uma visão ampla é necessária pois você pode muito bem colocar em seu anúncio uma chamada mais apelativa e converter o dobro de clientes com sua campanha, porém de nada adianta caso a maioria deles cancelem o contrato firmado em pouco tempo sem que o gasto pague seu custo de aquisição. Algo que não é interessante para a empresa e, principalmente, para a marca.

Para evitar a aquisição sem a retenção, esses testes são analisados sempre da maneira mais holística possível, abrangendo desde o processo de aquisição dos clientes até a retenção.

Quando se vê grandes casos de sucesso de hoje em dia, na maior parte das vezes, se imagina que tiveram uma grande sacada e que foi esse atalho/hack que possibilitou o sucesso da empresa. O que mais acontece não é uma ação específica que possibilitou o sucesso. Normalmente, o que gera o bom resultado são vários testes realizados de maneira consistente.

Em uma curva de crescimento hipotética de uma empresa exponencial, é comum acreditar que aconteceu algo que desencadeou uma ação viral. Conforme o gráfico:

A realidade é que são várias ações testadas e vários experimentos que deram certo somados que tornam possível um crescimento exponencial. Veja:

Uma delas otimiza 1% aqui. Mais 2% lá… Outros 5%. Algumas ações, de vez em quando, conseguem otimizar o todo em 10% ~ 20%, porém, dificilmente, algo isolado faz o sucesso do negócio. O ideal, como dito acima, é a soma de vários experimentos com bons resultados.

O crescimento exponencial do Airbnb

Se você não conhece, o Airbnb trata-se de um site que possibilita a comunicação entre turistas do mundo inteiro e donos de imóveis. Assim, na sua viagem, você pode aproveitar a experiência ficando na casa de algum morador local, o que costuma deixar tudo muito mais interessante.

Apesar de hoje serem avaliados em bilhões de dólares de valor de mercado, no começo foi preciso criar um processo consistente de validação de hipóteses. Como eles iriam atrair pessoas para divulgar cômodos sendo que o Airbnb ainda não era um site bem visitado? E como o Airbnb atrairia visitas sem ter um número relevante de cômodos disponíveis para as pessoas alugarem?

É um dilema complexo que algumas Startups de modelo marketplace vivem.

Na época, eles já tinham tentado várias ações para trazer usuários que ofertavam quartos como também ações para os que buscavam quartos. Mas nada tinha atingido os resultados desejados.

Uma das primeiras hipóteses que o Airbnb buscou validar foi:

Se realizarmos a transação do pagamento das estadias através da nossa plataforma, será que vamos trazer mais gente e gerar mais valor? Assim, conseguiremos reter o dinheiro e garantir mais segurança para quem está contratando.

Resultado: isso foi bom pois validaram que poderiam monetizar com as transações, porém, nem de perto, conseguiram a tração esperada.

Um teste posterior trouxe resultados melhores.

Nos EUA, há um site de classificados muito famoso chamado Craiglist no qual é possível anunciar praticamente qualquer coisa e, por isso, muitos buscavam ofertas. A equipe do Airbnb levantou outra tese:

Se todas as ofertas de moradia em nosso site sejam publicadas também no Craiglist, podemos conseguir muitos clientes? Assim, vamos aumentar as visitas nos cômodos ofertados para quem publicar por aqui, gerando negócios também para nós.

Tecnicamente, não foi nada fácil fazer essa integração, pois ela foi totalmente realizada sem autorização da própria Craiglist, que sequer possuia API aberta. Fazer manualmente não era uma opção no caso, pois já tinham um volume até razoável.

Apesar do grande trabalho, o resultado foi ótimo! Pela primeira vez, começaram a ter um volume satisfatório de pessoas buscando seus quartos. O que possibilitou, inclusive, que conseguissem arrecadar uma rodada de investimentos de 600 mil  dólares e formar um time de 15 pessoas.

Até que um dia, a equipe do Airbnb pensou:

E se a gente contratar fotógrafos profissionais para registrar os quartos disponíveis na plataforma? Assim, devemos agregar valor tanto para quem aluga e ganhar credibilidade para atrair mais usuários.

Realizaram um experimento controlado na cidade de Nova York com profissionais fotografando os quartos divulgados no Airbnb.

Resultado: deu bastante certo. Começaram a converter um número maior de usuários que navegavam no site.

Esse impacto foi tão grande cuja curva de crescimento da empresa ficou assim:

O crescimento exponencial do Airbnb

Se você não conhece, o Airbnb trata-se de um site que possibilita a comunicação entre turistas do mundo inteiro e donos de imóveis. Assim, na sua viagem, você pode aproveitar a experiência ficando na casa de algum morador local, o que costuma deixar tudo muito mais interessante.

Apesar de hoje serem avaliados em bilhões de dólares de valor de mercado, no começo foi preciso criar um processo consistente de validação de hipóteses. Como eles iriam atrair pessoas para divulgar cômodos sendo que o Airbnb ainda não era um site bem visitado? E como o Airbnb atrairia visitas sem ter um número relevante de cômodos disponíveis para as pessoas alugarem?

É um dilema complexo que algumas Startups de modelo marketplace vivem.

Na época, eles já tinham tentado várias ações para trazer usuários que ofertavam quartos como também ações para os que buscavam quartos. Mas nada tinha atingido os resultados desejados.

Uma das primeiras hipóteses que o Airbnb buscou validar foi:

Se realizarmos a transação do pagamento das estadias através da nossa plataforma, será que vamos trazer mais gente e gerar mais valor? Assim, conseguiremos reter o dinheiro e garantir mais segurança para quem está contratando.

Resultado: isso foi bom pois validaram que poderiam monetizar com as transações, porém, nem de perto, conseguiram a tração esperada.

Um teste posterior trouxe resultados melhores.

Nos EUA, há um site de classificados muito famoso chamado Craiglist no qual é possível anunciar praticamente qualquer coisa e, por isso, muitos buscavam ofertas. A equipe do Airbnb levantou outra tese:

Se todas as ofertas de moradia em nosso site sejam publicadas também no Craiglist, podemos conseguir muitos clientes? Assim, vamos aumentar as visitas nos cômodos ofertados para quem publicar por aqui, gerando negócios também para nós.

Tecnicamente, não foi nada fácil fazer essa integração, pois ela foi totalmente realizada sem autorização da própria Craiglist, que sequer possuia API aberta. Fazer manualmente não era uma opção no caso, pois já tinham um volume até razoável.

Apesar do grande trabalho, o resultado foi ótimo! Pela primeira vez, começaram a ter um volume satisfatório de pessoas buscando seus quartos. O que possibilitou, inclusive, que conseguissem arrecadar uma rodada de investimentos de 600 mil  dólares e formar um time de 15 pessoas.

Até que um dia, a equipe do Airbnb pensou:

E se a gente contratar fotógrafos profissionais para registrar os quartos disponíveis na plataforma? Assim, devemos agregar valor tanto para quem aluga e ganhar credibilidade para atrair mais usuários.

Realizaram um experimento controlado na cidade de Nova York com profissionais fotografando os quartos divulgados no Airbnb.

Resultado: deu bastante certo. Começaram a converter um número maior de usuários que navegavam no site.

Esse impacto foi tão grande cuja curva de crescimento da empresa ficou assim:

Imagem via Analytics Lessons Learned

Claro que para este experimento ser implementado em todos os quartos publicados no site, o investimento foi muito maior do que para qualquer ação anterior. Porém, segundo a validação que fizeram, valeria a pena e eles haviam recebido um investimento que viabilizou escalar tal ação.

Outra tese, também muito importante na história do Airbnb, foi:

Percebemos que recomendações são um driver para nossa empresa, tanto para trazer novas pessoas publicando moradias, quanto para atrair pessoas buscando os cômodos. E se começarmos a recompensá-las pela indicação e dar vantagens para quem chegar a partir de recomendações?

Também foi um sucesso. O efeito viral do Airbnb ficou ainda mais forte. Caso queira ver o que essa ação gerou na prática, acesse meu link de recomendação: www.airbnb.com.br/c/pcalvo12

Lembrando que apesar dos pontos destacados aqui terem sido um sucesso, houveram vários outros não tão difundidos assim sobre testes que falharam.

Estamos em uma época sem precedentes no qual fazer testes, escalar ou iterar ações de Growth é fundamental para atingir crescimentos exponenciais. Por isso, Growth Hackers devem ser pessoas comprometidas o tempo todo em olhar o processo de aquisição e retenção de maneira mais holística possível, realizando testes consistentes e gerando aprendizados para dentro de casa, resultando na escala do negócio.

#Curiosidade: o termo foi cunhado em 2010 por Sean Ellis pois ele teve sucesso fazendo parte do crescimento de várias empresas, a mais conhecida é o Dropbox, porém o que fazia não se enquadrava muito bem nem como gestor de produto, nem como profissional de marketing. Então ele pensou que talvez o nome para o que ele fazia provavelmente não existia.

Como aplicar o Growth Hacking passo a passo em seu negócio

Aqui, vou explicar de maneira didática, assim como já fiz em dezenas de treinamentos que dei, o passo-a-passo para você ter um processo de Growth implementado e rodando em sua empresa. Caso tenha alguma dúvida ou dificuldade tendo em vista o seu contexto, entre em contato.

Primeiramente, destaco que Growth funciona melhor para negócios que já sabem seu público alvo, possuem produtos ou serviços já validados e sendo comercializados. Se você ainda não se sentir seguro com o que oferece, dedicar tempo e esforço para conhecer melhor o seu público e validar a solução pode ser uma boa alternativa.

Nos casos de você trabalhar com uma rede social ou marketplace, onde as pessoas cadastradas são um atrativo para novos usuários (imagine você entrar no Facebook sem ter nenhum amigo seu ativo nele), o Growth Hacking é fundamental também para a validação e manutenção do modelo de negócios pois o volume e escala atingidos melhoram proporcionalmente a qualidade percebida do que é oferecido.

Vamos aos passos.

Passo 1. Criação e análise de funil

Quando se fala de funis, nos referimos a etapas do comportamento do seu público alvo que o direciona para uma conversão importante para o negócio. Vamos supor que uma conversão importante para você é a venda de um produto ou serviço na internet, por exemplo.

De forma simplificada seu funil será:

Essa é a lógica básica de funis. E caso você nunca tenha trabalhado com eles, recomendo fortemente que use, a priori, o funil mais simples possível, assim como o exemplificado. Depois, vá adicionando complexidade a ele, além de outros funis chave.

Vamos supor que você já conseguiu trazer 10 mil visitantes à página em questão ou até mesmo já prospectou e contactou 100 clientes e absolutamente nenhum converteu. Ninguém virou sou cliente. Isso significa que, em algum ponto, o seu funil tem problemas e o processo de conversão deve ser reavaliado.

Se há muita gente visitando o site e ninguém está seguindo no seu funil e, muito menos, atingindo seu objetivo final, eu não recomendaria nenhuma ação maior da sua empresa para atrair mais visitantes sem antes reavaliar as etapas. Isso significa que ou o produto ainda não está pronto para o mercado ou que você está atingindo o público errado.

Caso a situação acima esteja acontecendo, o mais recomendado é uma etapa de pesquisa antes de seguir com o processo de Growth para entender melhor o público.

Um funil serve para identificar oportunidades de melhoria no processo de conversão.

Caso muitas pessoas estejam chegando no cadastro após clicar no botão “comprar”, por exemplo, e dessas, apenas 1% está finalizando a compra, provavelmente, há pontos de melhoria nessa etapa. Para a gente visualizar melhor como trabalhar com este funil, vamos tangibilizá-lo:

Neste caso, você pode olhar e levantar uma tese de uma possível oportunidade para otimizar seu funil, tal como:

100 pessoas estão clicando em comprar, cadastrando, porém não estão finalizando a compra. Será que o cadastro possui algo que confunde o visitante? O que será que acontece se reduzirmos o número de informações solicitadas?

Vamos supor que após a implementação desse ajuste para validar a tese, o funil ficou da seguinte maneira:

Resultado: tese aprovada. Com esse pequeno experimento, você otimizou seus resultados em cinco vezes.

Agora, levantamos outra tese sobre o mesmo caso:

E se a gente deixar mais claras as informações ao usuário e dar mais destaque ao botão de comprar? Será que teremos mais pessoas avançando no funil?

Aplicou-se a tese e, depois, o funil ficou da seguinte maneira:

Repare que, proporcionalmente, não se alterou nada entre o cadastro e a compra, porém, por ter dobrado a quantidade de pessoas que visitam o site e se cadastram, o número final de pessoas que compraram também dobrou. No final dessas duas ações hipotéticas, você teve uma melhoria de dez vezes.

Esse foi um exemplo tácito de ações de Growth e boa parte de tudo o que se fizer para aferir resultados, deve ser feito sobre funis.

Funis mais complexos podem ser necessários, principalmente, em casos como o do Facebook, no qual eles perceberam através de estudos de padrão comportamental que usuários que adicionam mais do que 7 amigos ao criar uma conta na rede social possuem uma chance muito maior de continuar nela por mais tempo. No caso, um dos principais funis que usam vai até essa ação de adicionar amigos, conforme o exemplo abaixo:

Repare que nesse caso em especial sequer há geração de receita direta com essa conversão, porém, ainda assim, trata-se de um funil que ajudou o Facebook a atingir bilhões de usuários ativos.

Resumo: não há tanta regra. O mais importante sobre funis é ter a compreensão do que se trata e de como funciona, para, então, fazer uma análise de contexto e estratégia. Cabe a você identificar qual o funil mais importante para a sua empresa e realizar um diagnóstico de oportunidades sobre ele. Esse é o primeiro passo.

Normalmente, neste ponto é que se encontra as ações de menor custo e com um retorno altíssimo para o negócio.

Passo 2. Conheça a viabilidade financeira

Nesta etapa, de antemão às suas ações de Growth através dos diversos canais de aquisição, você deve saber exatamente quanto pode investir. Quanto você consegue e pode gastar para cada conversão gerada?

Vamos supor que você tenha um aplicativo gratuito que ganha R$5,00 para cada mil visualizações de anúncios, o que é uma margem relativamente baixa para tanta visualização. Em outro cenário, vamos supor que para cada contrato que fecha, você ganha um milhão de reais de margem.

Há uma diferença muito simples nos dois casos sob uma perspectiva de Growth. No primeiro, caso você invista R$100para gerar cada download do aplicativo, provavelmente, não terá um negócio que para de pé. No segundo, caso você invista R$100 para gerar cada contrato, pode ter certeza que tem um ótimo negócio em mãos.

Conclusão: a margem que você ganha para cada ação do usuário influencia diretamente nas ações que são viáveis para serem executadas. E isso deve guiar seu processo de Growth.

Sem saber sua margem, nem que seja aproximada, se torna difícil escolher quais canais usar, quais decisões tomar e, principalmente, saber se seus testes foram positivos ou não.

Com a falta desta informação, você não conseguirá calcular o retorno sobre seus investimentos, que irei chamar até o fim desse texto de ROI.  Afinal, na maior parte dos casos, as suas ações de Growth serão mais eficazes se guiadas pelo retorno que elas irão dar à empresa.

Para começar, procure definir qual o custo por aquisição que será viável para você, custo tal que trará um ROI positivo.

Já que ações de Growth podem ser facilmente vistas como investimentos, é importante usar essa métrica para saber e escolher:

  • Os melhores investimentos.
  • As melhores escolhas.
  • A melhor priorização possível.

Sendo esta última um dos pontos chaves do sucesso da execução de negócios em geral.

Calculando o ROI

Para você conseguir calcular a viabilidade, explicarei a partir do seguinte exemplo:

Você começou a investir em anúncios via Facebook Ads, gastou R$10.000 e todo esse investimento gerou 40 vendas.

Se você dividir o montante investido pela quantidade de vendas, você terá como custo por venda R$250.

R$10.000 ÷ 40 = R$250

Em um cenário no qual sua margem é de R$500,00, você deverá ganhar, a partir desse investimento, um total de R$20.000, que é igual ao número de vendas multiplicado pela margem.

R$500 x 40 = R$20.000

Nesse caso você teve um ROI de 100% e, pelo visto, esse foi um bom investimento.

(R$20.000 – R$10.000) ÷ R$10.000 = ROI
R$10.000 ÷ R$10.000 = 1
1 = 100%

Tanto faz calcular o ROI pelo resultado total, assim como fiz acima, ou calcular pelo resultado médio por conversão. Pelo resultado médio, a conta fica assim:

(R$500 – R$250) / R$250
R$250 / R$250 = 1
1 = 100%

Em outras palavras, as fórmulas do ROI são:

(Margem gerada – Investimento realizado) ÷ Investimento realizado = ROI

ou

(Margem por cada venda gerada – Custo médio por aquisição) ÷ Custo médio por aquisição

Em um cenário no qual sua margem é de R$260, você deverá ter uma margem total de R$10.400.

R$260 x 40 = R$10.400

O que te diz que foi um investimento razoável, porém, provavelmente, não valerá a pena escalar mais esse investimento em Facebook Ads, até que você consiga melhorar seu retorno a partir desse canal pois o ROI foi de apenas 4%.

(R$10.400 – R$10.000) / R$10.000 = ROI
R$400 / R$10.000 = 0,04
0,04 = 4%

Mas por que eu não deveria escalar mais o investimento? Deu positivo.

Você se pode perguntar.

Se você conseguir manter o ROI nesse nível e o retorno for satisfatório para você, nada te impede de aumentar o investimento no canal.

Normalmente, com um retorno de 4% em um canal, o mais comum é apenas sustentá-lo ou matá-lo para evitar perda de foco em oportunidades de Growth com maior retorno.

Já em um caso no qual sua margem é de R$200, você já deve imaginar que seu ROI será negativo, pois, no total, você terá ganho apenas R$8.000 frente ao investimento de R$10.000.

Se fizer as contas, você irá notar que seu ROI foi de 20% negativo. O que em perspectiva financeira significa que houve prejuízo de 20%.

(R$8.000 – R$10.000) / R$10.000 = ROI
– R$2.000 / R$10.000 = – 0,2
– 0,2 = 20% de prejuízo

Significa que esse foi um investimento ruim? Na maior parte dos casos, significa! Sobretudo, isto não é uma regra no mundo da inovação.

Vamos supor que, dentre os 40 clientes, você conseguiu alguns de grande influência e que são extremamente estratégicos para seu negócio. São clientes que irão favorecer a aquisição de outros.

Nesses casos, os fatores financeiros podem ser deixados de lado se considerado pelo empreendedor a tese de que vale a pena. Mas, de qualquer maneira, é importante realizar esses cálculos e ser consciente de que o ROI foi negativo. No futuro, você pode até validar que aqueles clientes foram estratégicos, ou pode validar que isso era apenas uma impressão e cancelar investimentos futuros no canal.

Em modelos de negócios ao estilo marketplace ou redes sociais isso é relativamente comum. Pois, desde que haja volume, este pode ser suficiente para melhorar a qualidade do serviço como um todo, trazendo retornos maiores por outras vias.

Já definiu sua margem? Preparado para a parte mais prática?

Passo 3. O Processo de Growth Hacking

Por definição, Growth Hacking é um processo. Ser consistente com um processo é uma das chaves que vão definir a eficiência no crescimento do negócio.

O processo que criei e já apliquei com sucesso diversas vezes é o seguinte:

Cada ciclo pode girar de semana a semana, de mês a mês, de trimestre a trimestre ou até mesmo de ano a ano. Depende muito do contexto do negócio.

Negócios mais iniciais, normalmente, fazem iterações mais rápidas. Em negócios bem mais maduros, nada impede de que uma equipe específica, focada em otimização de conversões, tenha um processo próprio semanal, por exemplo, enquanto outra faça uso de ciclos mais longos, que são normalmente mais adequados quando os projetos que trazem volume relevante são muito grandes.

Vejo 3 em 3 meses e 6 em 6 meses períodos de tempo muito bons para cada ciclo completo girar.

Planilha para gestão do processo

Para garantir que o processo seja seguido e nenhuma informação relevante se perca, recomendo uma planilha compartilhada com o seu time para esse fim.

Criei e disponibilizo aqui um template gratuito para você usar sem precisar fazer cadastro.

Até o final desse capítulo, você entenderá esse fluxo em detalhes e saberá como aplicar no seu contexto.

Listagem de Ideias

Esta é a etapa base, na qual a criatividade deve vir á tona. Nela, você terá que listar todas as possibilidades de crescimento para o seu negócio, seja entre novas ideias ou próximos passos de ideias que já estão sendo executadas.

Existem várias maneiras de realizar essa listagem e uma não elimina a outra. Sugiro aqui algumas possibilidades:

  • Analisar os seus principais funis e verificar os maiores furos e, então, listar maneiras de torná-lo mais eficiente.
  • Procurar anotações de sugestões recebidas dos clientes, colegas ou que foram pensadas por você em algum momento e listar o que achar que faz sentido.
  • Olhar todos os canais de marketing existentes, pensar em possíveis ações que poderiam funcionar no seu contexto e listar todas elas.

Se você não conhece todos os canais de marketing ou gostaria de consultá-los, coloquei todos eles aqui neste artigo: Canais de Marketing para Growth.

Neste momento, não se preocupe em cortar itens da lista. Apenas procure acrescentar pelo menos 20 itens para ter certeza que você pensou o suficiente em ideias de crescimento.

Cabe ressaltar que você deve enxergar ideias não somente como ações iniciais ou de otimização. Vejamos alguns exemplos delas onde as primeiras são sobre validar novas alternativas e as últimos são sobre melhorar ações já existentes.

  • Produzir um treinamento piloto com clientes para aferir se conseguimos melhorar a retenção;
  • Produzir um evento piloto para possíveis clientes para conseguirmos gerar credibilidade suficiente para alavancar as vendas;
  • Começar a escrever um blog post por semana;
  • Melhorar a automação de email para retenção de atuais clientes para funcionar melhor através de maior segmentação e personalização das mensagens;
  • Reduzir uma reunião do processo de vendas porque achamos que ela pode não estar somando e pode ser que melhore o resultado;
  • Não perguntar em qual cidadeo cliente mora no momento do cadastro e coletar essa informação a partir do IP.
  • Testar um botão azul na nossa principal página de conversão.

Priorização

Esse é a etapa que, normalmente, faz mais diferença no processo de aplicação do Growth Hacking.

Aqui é onde se fala “não” aos itens listados. Uma técnica que tenho aplicado e tem funcionado muito bem leva em conta as seguintes variáveis:

  • Resultado

Qual é o resultado esperado para a ação após implementada?

Pontue de 1 a 3 dependendo do quão bom acreditar ser o resultado. 1 para baixo resultado esperado e 3 para alto resultado esperado.

Considere por resultado o impacto da ideia em aumento de receita, seja na retenção ou aquisição de clientes ou até mesmo na atual estratégia do negócio.

  • Viabilidade

Qual a viabilidade da ideia? Ela é financeiramente possível? Exige poucos recursos para ser aplicada?

Pontue de 1 a 3 dependendo do quão viável achar a ideia. 1 para ideias com custo muito elevado e 3 para quando for algo mais simples e de rápida implementação.

Considere por viabilidade variáveis das mais diversas, bem como custos financeiros diretos, quanto tempo de pessoal alocado para tirar as ideias do papel.

  • Probabilidade

Qual é a chance da ação dar certo? Será que os clientes vão gostar? Será que conseguiremos tirar a ideia do papel?

Pontue de 1 a 3 dependendo do quão provável acreditar dar certo. 1 para quando a chance é nitidamente baixa, 2 para quando você não sabe e 3 para quando você acha bastante provável que dê resultados positivos.

Depois de pontuar todas elas ,você as soma e afere o resultado. As que ficarem com maior pontuação, provavelmente, serão as melhores opções.

Vou usar os exemplo acima para ilustrar a aplicação.

Ao ir colocando os números, é bastante comum alterar a nota dos que você já definiu conforme o ponto de referência muda. A exemplo, se houvesse uma ação como um anúncio na TV, por exemplo, o parâmetro de resultados seria outro. Provavelmente, este seria nota 3, o evento piloto nota 2 e todos os outros nota 1.

Alterar as pontuações conforme você vai discutindo com o time também é bastante comum. O ideal é discutir bastante sobre resultado e viabilidade para priorizar. Em relação à probabilidade, em caso de discordâncias, basta usar nota 2.

Caso queira dar mais peso para o resultado (o mais importante), uma boa ideia é multiplicar a nota por dois antes de somar.

Não há problema algum usar 0,5, 1,5 e 2,5. Às vezes convém o uso para diferenciar melhor o peso das ações.

Repare que no treinamento piloto com clientes, por exemplo, caso não houvesse expertise para realizá-lo dentro do time, teria uma viabilidade menor. E quanto ao teste do botão azul, pode acontecer que, no futuro, quando houver mais pessoas na página, poderá ter um resultado esperado maior.

Como você pode perceber, de um período para outro esses valores podem mudar. Portanto, se uma ação não é boa agora, ela não precisa ser também eliminada de listas futuras.

Mesmo tendo somas mais altas sou obrigado a escolher?

Pode acontecer de algo ser bem pontuado mas não existir motivação do time para executar. Não há nenhum problema nisso. Apenas não é recomendado que aconteça com frequência.

Cronograma

Cronograma é uma etapa que existe por motivos de gestão.

Seguindo o exemplo acima, vamos supor que foram escolhidos as seguintes ações:

  • Treinamento piloto para atuais clientes;
  • Evento piloto para possíveis clientes;
  • Começar a escrever um blog post por semana.

Muito pode acontecer ao se fazer um cronograma. Vamos pegar alguns exemplos hipotéticos aqui.

Não haverá equipe o suficiente para executar todos eles. Ao alocar as tarefas necessárias para executar as ações e delegá-las para o time, não foi possível criar uma agenda que funcionasse.

Basta escolher uma ideia para tirar da priorização e garantir que todas as restantes sejam bem executadas.

Um dos profissionais do time não conseguirá apoiar essas ações, porém, ele é muito bom em emails, algo que ficou logo em seguida na priorização.

Não há problema algum em adicionar mais uma ação ou substituir um projeto por outro desde que o time consiga garantir a execução do escopo todo.

Não temos um blog e os desenvolvedores todos estão ocupados com projetos mais estratégicos do que crescer.

Nesse caso, é possível que o blog deva ser deixado pra depois, mas há a possibilidade, em alguns casos, de ajustar a viabilidade e terceirizar parte da execução.

Como dito, tudo pode acontecer. Porém, você só conseguirá encontrar vários dos gaps de planejamento ao fazer um cronograma.

O que costumo fazer para não perder tanto tempo em cronogramas que possivelmente são imprecisos é definir atividades e respectivos responsáveis e em qual MÊS essas pessoas estarão envolvidas com a ação. Nada impedindo de uma pessoa pegar mais de uma atividade para trabalhar em cada mês.

Isso pode parecer simplista aos olhos de um gestor de projetos, mas garanto que funciona muito bem para encontrar esses furos no planejamento da execução e entrega. Depois, é possível realizar um planejamento mais criterioso.

Essa é a etapa para fechar quais ações serão de fato escolhidas e executadas a partir do detalhamento criado na etapa priorização.

O ideal é sempre pensar que as pessoas precisam de tempo para focarem e realizarem bem suas tarefas. Se muito cair sobre os ombros de uma mesma pessoa, esta pode acabar perdendo o foco e todo seu processo ir por água abaixo. Na etapa de execução você entenderá melhor os riscos.

Execução

Execução é onde se cria de fato, onde se faz.

Há um detalhe importante que, caso você não se atente, irá falhar na execução, o que separa os bons dos excelentes, e é um ponto chave para o sucesso do crescimento de qualquer negócio.

O ponto é: execute com excelência sempre.

Growth Hacking é sobre fazer testes praticamente em formatos científicos. Caso alguma ação seja feita de maneira mediana, o resultado do experimento será impactado diretamente.

Vamos pegar o exemplo acima de criar um blog post por semana.

Por característica do canal, os resultados costumam demorar de 6 a 12 meses para serem notados. Vamos supor que você execute essa ação esperando resultados em 3 meses e depois desse pequeno período de tempo decida se irá continuar criando textos ou não.

Mesmo se o marketing de conteúdo tenha sido bem feito, se não houver atenção a essa peculiaridade, você poderá tomar uma decisão errada ao cessar a ação.

Esse é um exemplo de execução sem excelência que, por causa de um detalhe, deverá falhar.

Vamos pegar agora o exemplo do treinamento piloto para clientes.

Se o treinamento tiver embasado em uma didática mediana e não for envolvente, ele será chato e não irá funcionar. Mesmo se houver tudo certo no entorno, o resultado não deverá ser satisfatório e o piloto será considerado como falho.

E há um problema muito maior do que simplesmente cancelar algo que está falhando por falta de excelência. Ao fazer isso, você aprende que determinada ideia não funciona e passa a nunca mais dar abertura para um segundo teste na mesma linha, mesmo se for uma ação muito promissora. Isso se chama falso negativo.

Mas, Pedro… Aí não há perda na agilidade do teste? A definição de Growth Hacking diz que se trata de um processo de rápida experimentação.

Existem peculiaridades em cada ação a se fazer. E cada uma delas têm coisas específicas que são importantes. No caso, tudo o que é importante precisa ser feito.

Separando tudo o que se tem em um escopo de projeto piloto, entre hipóteses do tipo “Precisa ter”, “É bom ter” e “Pode ter”, o ideal é focar apenas no que é “Preciso ter” para maior agilidade. Se algo que se “Precisa ter” for cortado, você poderá colecionar falsos negativos.

Não adianta testar ações para se executar mais rápido deixando de lado o que é importante.

Para isso, algo que gosto de usar como regra é: toda execução tem 50% de planejamento e estudo. Esse tempo é, inclusive, considerado ao fazer cronogramas.

Se não houver um conhecimento mínimo no que se está fazendo, pode ser melhor não executar.

Após um ciclo completo, se começa um novo. Porém, existem várias boas práticas para garantir a eficácia do processo. É aí que vem o passo 4.

Passo 4. Manutenção do processo de Growth

Para manter o processo funcionando existem várias dicas.

Em geral, o foco de um Growth Hacker deve estar sempre em escalar ações ou validar novas ações, sendo a primeira mais prioritária pois, normalmente, dá mais resultado.

Há quatro possíveis próximos passos após um ciclo com qualquer ação. São eles:

  • Matar
  • Sustentar
  • Escalar
  • Otimizar

Matar é sobre cessar qualquer esforço relacionado ao que foi feito. É feito com ações que deram prejuízo ou cujo o resultado é relativamente pequeno dentro do esperado.

Sustentar é sobre simplesmente manter. Quando se constata que o resultado é até razoável e importante, sustentar pode ser a melhor opção, comum em negócios mais maduros que, normalmente, contratam alguém para fazer a manutenção e não tirar o foco dos Growth Hackers.

Escalar é sempre o objetivo maior. Trata-se de pensar próximos passos para multiplicar o que foi aprendido no ciclo anterior. Se houve um treinamento de sucesso, dá pra fazer dez? Se houve R$10.000 em anúncios com ótimo ROI, dá pra investir R$100.000? E assim por diante. Escalar é sobre levar para um próximo patamar algum canal ou ação.

Às vezes a melhor maneira de escalar é otimizando e indo aos poucos. Otimizar é ideal para canais já escalados ou que precisam ficar um pouco mais efetivos para valer a pena escalar muito mais. É sobre procurar pequenas coisas e levantar teses que devem otimizar aquilo que vem funcionando.

Foque sempre no escalar e otimizar. Sobretudo, saiba que quando você cessa por muito tempo a validação de novas ações, sua curva de crescimento deve ficar mais ou menos assim:

Ela vai ficando mais plana e isso ocorre pois todos os canais se saturam em algum momento.

Zerar a busca por novos canais causa isso. Desde que seja possível fazer a curva ser exponencial mais uma vez, isso não é um problema, mas é importante já saber. Caso seja estratégico evitar que sua curva deixe de ser exponencial, basta sempre validar novas ações.

Caso você ainda não esteja utilizando uma planilha ou ferramenta para gestão, conforme já disponibilizei neste post, use. Deixo aqui o link da que criei para você usar gratuitamente e sem cadastros: Planilha de Processo de Growth Hacking.

E para seu processo funcionar bem no médio e no longo prazo, gestão de aprendizado é chave. Documente absolutamente todos os experimentos que fizer. Assim, você ou o seu time sempre poderão acessar o histórico e as chances de errar duas vezes e perder tempo serão muito reduzidas.

Documentação costuma ser perda de tempo quando se está validando algo, com exceção do registro do quê e como foi feito. Mas quando se está escalando ou mantendo no mesmo nível alguma ação, ela é algo fundamental. Quem documenta, aprende sobre o que está fazendo e garante que todos que vão participar da ação de escala acessem o conhecimento com facilidade.

Em resumo, sua política de documentação deve ser mais ou menos assim:

  • Quando você valida algum canal: Documente pouco e faça apenas o registro.
  • Quando você escala algum canal: Documente bastante, porém apenas o necessário. Isso porque a escala, por si só, costuma mudar muito o processo. É inviável atualizar muita coisa.
  • Quando o melhor é sustentar o canal: Documente tudo. O processo, como é feito, como é medido e algo mais que achar conveniente.

Assim, como citei os falsos negativos, no qual você considera um teste como falho quando, na verdade, errou na execução, há também o falso positivo, que acontece quando você acredita que será possível escalar muito alguma ação e ela já se encontra saturada. Nesses casos, é importante parar, analisar e, se for o caso, um reajuste no plano pode ser feito durante o voo.

Lembre-se que, assim como citei, um processo de Growth Hacking funciona quando ele é consistente, principalmente, por ele ser mais assim:

Do que assim:

Vez ou outra, isso até deve acontecer, mas é uma exceção. Não conte com isso.

Acima, deixo o exato passo-a-passo que sugiro você fazer para aplicar um processo concreto de Growth no seu negócio. E caso tenha alguma dúvida para adaptá-lo ao seu contexto, basta enviar um comentário. Faço questão de responder a todos!

“Caso o ambiente não seja favorável, vá lá e arrume as condições”

“Caso o ambiente não seja favorável, vá lá e arrume as condições”

Nascido em Balsas, cidade com 90 mil habitantes no interior do Maranhão, filho de um mineiro e de uma maranhense, Rômulo Martins aprendeu o sabor do trabalho e o prazer de empreender desde muito cedo. O empresário está à frente da Niduu, plataforma de ensino a distância com missões curtas de cinco minutos para capacitação de funcionários e colaboradores. Ele participa, em Belo Horizonte, de um programa de aceleração para deixar seu projeto ainda mais redondo.

Pai de Maria Clara de 10 anos e do pequeno Joaquim, de três, esse simpático empreendedor construiu sua trajetória com muito esforço e estudo.Aos 16 anos já desenvolvia sites em sua cidade natal e aos 21 anos começava seu mestrado. A paixão pela educação veio crescendo e transformou sua vida. Hoje, com 33 anos, Rômulo está envolvido com sua startup Niddu e já tem clientes em vários estados brasileiros.

A história de sucesso começou quando ele tinha apenas 12 anos. A veia empreendedora herdada dos pais e avós – comerciantes no Maranhão e Goiás, produziu um profissional resiliente e com imensa capacidade de aprender e dar a volta por cima. Quando era criança desenhou e imprimiu cédulas de votação para uma eleição em sua escola – já demonstrando sua capacidade de resolver problemas e aceitar desafios mesmo com escassos recursos tecnológicos da época. Perseverante e com a certeza de que o estudo é o mais potente motor de transformação, defendeu sua tese de doutorado com apenas 31 anos. Sua vocação de empreender aliada à sua vontade de ensinar está mudando a vida das pessoas e das empresas em todo o país.

Em 2014 criou a startup Infortask que abarcou quase 200 clientes no Brasil e em 2016 se tornou presidente voluntário do movimento de Startup Maranhão com o intuito de contribuir diretamente com o ecossistema. Alguns anos depois, a certeza de que seria um empreendedor de sucesso reencontrou seu amigo de infância, Júnior Mateus, responsável pelo RH e TI do Grupo Mateus no Maranhão (6ª maior rede supermercadista do Brasil). Júnior Mateus começou a se aproximar do ecossistema de startups e juntos criaram a Niduu, hoje com 12 clientes de grande e médio porte em seu portfólio e faturamento no último trimestre deste ano que ultrapassa R$ 50 mil.

Foco, adaptabilidade e resiliência são atributos que Rômulo considera fundamentais para o sucesso de qualquer negócio. “Para dar resultado tem que ter foco.” A paixão, segundo ele, precisa vir do propósito, não da ideia. “A solução vai mudar com o tempo, é inevitável, mas o propósito permanece”, finaliza.

Enquanto muitos esperam o momento perfeito para começar a tirar as ideias da cabeça e colocar no papel, o empresário vai lá e fez. Ele acredita que se o ambiente não lhe dá condições você precisa criar as condições.

A Niduu – educação por meio da gamificação

A proposta da startup é alcançar a todos nas empresas, independente do cargo ou formação, oportunizando o aprendizado a qualquer hora e lugar nos smartphones para essas pessoas, já que muitas entram e não tem o conhecimento necessário em função do nosso sistema educacional.

A Niddu quer mudar a vida das pessoas que estão marginalizadas na educação. Milhões de pessoas recebem treinamento somente quando entram para o quadro de funcionários das empresas e depois são esquecidas. São pessoas que não têm acesso à educação e orientação para dar os próximos passos.

Para Rômulo, a educação de hoje tem dificuldades para engajar o aluno. “A motivação é um dos pilares para gerar resultados”, conclui. Com o aplicativo desenvolvido por seu time de mais de 25 colaboradores é possível rastrear a aprendizagem do colaborador e, assim, melhorar o seu desenvolvimento pessoal e até propiciar promoções dentro das empresas.

A Niduu quer mudar a vida dos colaboradores. Milhões deles recebem treinamento somente quando entram para o quadro de funcionários ou nos treinamentos obrigatórios das empresas e muitas vezes são esquecidos. São pessoas que precisam de acesso à educação e orientação para dar os próximos passos na busca de se manter em um mercado de trabalho cada vez mais competitivo.

Dicas para quem vai começar a empreender

Perguntado sobre quais dicas ele poderia dar para quem quer começar ele é enfático. Estudar muito! ou melhor: estudar e aplicar. “Botar a cara e validar a ideia. Assim você vai  entender o que é validação e assim prosseguir. A gente não sabe de nada sem validar, antes disso, tudo são hipóteses”, finaliza. Outra dica é buscar um time dedicado e excelente que sonham com o mesmo propósito. Isso faz os projetos acontecerem. Rômulo acredita que a educação pode transformar o país e permitir o desenvolvimento das pessoas.

Via Simi.

#PerfilEmpreendedor – “Abrimos uma startup para tirar as pessoas com deficiência da invisibilidade”

#PerfilEmpreendedor – “Abrimos uma startup para tirar as pessoas com deficiência da invisibilidade”

Por Renato Carvalho/SIMI

conexão SEED e SIMI-01 (1)

Mesmo com a tecnologia bastante avançada, muitas pessoas com deficiência (PCD) sofrem com dificuldades, em todo o mundo, no seu dia a dia. Aqui no Brasil uma startup trabalha para a fazer a diferença e ajudar na inclusão dessas pessoas.

Geraes Tecnologia Assistiva, fundada por Adriano Assis, de 36 anos, desenvolveu um teclado que se conecta ao computador e que permite que pessoas com deficiências motoras consigam se comunicar. O aparelho substitui o teclado e mouse convencionais e atua a partir de combinações de comandos para formar letras e ações. Quer saber mais sobre a história da startup? Então leia a entrevista de Adriano para o #PerfilEmpreendedor desta semana:

SIMI: Explique o que faz a Geraes?
Adriano: A Geraes é uma startup que fundamos em 2009 para desenvolver tecnologias que pudessem dar autonomia para pessoas com deficiência. O primeiro produto que lançamos na empresa foi um sistema que ajudava cegos a pegar ônibus sozinhos. Os quatro primeiros anos da empresa foram dedicados a essa tecnologia, que chegou a ser instalada em algumas cidades do Brasil. Mas como o cliente único era sempre o poder público, era muito difícil para uma startup se manter. Então de 2013 para 2014 começamos a desenvolver uma tecnologia voltada para um outro público: com deficiências motoras. São pessoas que não conseguem se mover ou se comunicar. Desenvolvemos uma tecnologia que permitiu que essas pessoas pudessem usar o computador. Essa foi a origem da segunda fase, na qual a empresa se encontra hoje.

SIMI: Como funciona a tecnologia?
Adriano: Desenvolvemos um teclado que permitia que pessoas pudessem usar o computador com as mãos ou com os pés, ou até mesmo com o piscar dos olhos. Era um painel que substituía não apenas o teclado, mas também o mouse, para que essas pessoas que não têm uma coordenação fina e que não conseguiam, portanto, usar um teclado e um mouse convencionais, pudessem ter acesso a qualquer computador com total autonomia. Com base nesta tecnologia, criamos o TiX, um equipamento ligado ao computador e que permite total controle da máquina. A tecnologia virou não apenas um produto, mas uma central de uma solução ainda maior, que se propõe não apenas a permitir que pessoas usem computador, mas incluir alunos com deficiência na educação. Permite, também, fazer terapias de reabilitação com pacientes com deficiência.

SIMI: Como surgiu essa dor? Como chegaram a essa solução?
Adriano: Na verdade, isso foi uma ideia bem legal. Nós já tínhamos a startup desde 2009 e estava pelejando com esse sistema para cegos pegarem ônibus. A empresa estava quase fechando as portas. Em 2013, eu já tinha até colocado uma linha, já que no final daquele ano completaríamos cinco anos de existência e a tecnologia não estava indo bem. Só três cidades estavam rodando o sistema, o que era muito pouco para uma empresa de quase cinco anos. Então, com as últimas moedas no bolso, fui participar de uma feira internacional de tecnologia assistiva, em São Paulo, e lá quase nada deu certo. Mas o que deu muito certo foi que acabei conhecendo, por acaso, um cientista da computação mineiro que nasceu com paralisia cerebral. Ele visitou meu estande, me abordou e eu não entendia o que ele dizia, porque a fala dele era muito comprometida, assim como os movimentos. Depois de muita peleja, um amigo traduziu o que ele dizia. Ele era formado em ciência da computação e tinha desenvolvido um protótipo de um teclado para pessoas que têm deficiência como a dele. Ele explicou que se formou com auxílio de um capacete com uma ponteira, usando a testa para poder digitar. No final da graduação, ele criou um conceito de teclado que tinha poucas teclas, mas que ele poderia digitar e fazer combinações com botões grandes. Ele me explicou sobre isso e eu o convidei para vir a Belo Horizonte para me mostrar exatamente isso. Ele me mostrou o protótipo e a gente – eu e meu sócio Júlio, na época professor da UMFG – começou a ajudar o Glayson para melhorar o protótipo para que ele pudesse usar. O protótipo era muito rudimentar, então começamos a usar nosso tempo livre para ajudá-lo. Nossa empresa já tinha data para fechar. Não tínhamos intenção de lançar aquilo como produto de mercado, já que não tínhamos dinheiro. Nesse meio tempo, o Glaysinho me mandou um e-mail dizendo que havia um prêmio nacional de inovação em tecnologia assistiva, oferecido pela Finep. Ele perguntou se poderíamos inscrever o teclado. Li o regulamento e vi que não dava para inscrever o teclado, porque nesse prêmio só podia se inscrever inovações que estivessem no mercado há pelo menos três anos. Mas nosso sistema para cegos já havia sido instalado na primeira cidade há três anos. Então inscrevi o nosso sistema e ganhamos o prêmio, que eu nem lembrava mais qual era. Quando saiu o e-mail da Finep avisando que éramos os vencedores, pensei: “Nossa, que belo jeito que acabar a empresa, ganhando um prêmio”. Quando fui ver, o prêmio era R$ 100 mil. Decidi não mais fechar a empresa. Peguei esse valor, reinvesti na empresa e pivotei. Decidi usar o dinheiro para transformar o novo produto, baseado no teclado. O TiX, que é nosso produto principal, é derivado da ideia desse teclado do Glayson. Surgiu da dor da deficiência da pessoa que criou esse teclado.

SIMI: Você já empreendia antes? Como era seu contato com empreendedorismo?
Adriano: Desde que me formei em Engenharia Elétrica, trabalhei muito pouco tempo com carteira assinada. Dois anos e meio antes de me formar, já trabalhava com hardware, com projetos de eletrônica, programação etc. Logo que me formei, fui para uma empresa maior para trabalhar com tecnologia para mineração. Pouco mais de um ano depois de formado, surgiu a possibilidade de empreender por convite desse professor da UFMG, para montarmos a Geraes e tentar desenvolver esse sistema para cegos pegarem ônibus. Na minha cabeça, iludidamente, eu poderia tocar isso no final de semana. Iria poder continuar trabalhando com mineração e no final de semana iria levando o projeto. Só que em menos de seis meses percebemos que não dava para fazer isso. Pensei “estou novo, não sou casado, não tenho nada em meu nome, não sou arrimo de família, então a hora de fazer algo para dar muito errado é agora”. Decidi largar a mineração e cair de cabeça na empresa, também achando que em pouco tempo a coisa iria virar. Se eu soubesse de metade do que eu passaria, eu jamais teria feito isso. Mas essa é a graça da vida, você não saber o que te espera lá na frente. Tudo que você faz, você faz com entusiasmo, porque você fica com esperança que vai dar certo. Foram nove anos para começar a dar certo. Agora que a coisa está virando, particularmente depois do Seed. A aceleração fez uma grande diferença nesta ascensão da empresa. Já vínhamos numa ascendente, de 2016 para 2017, mas com o impulso do Seed o negócio começou a decolar. Isso lembrando que a startup foi montada em 2009, quando pouco se falava em startup. Ou você era assalariado ou abria ‘firma’. Não havia essa multiplicidade de programas de inovação, de incentivo ao empreendedorismo. Então foi bem complicado. Se eu soubesse que seriam nove anos para começar a dar certo, “putz”, não sei se iria tentar. Agora que o sangue já está pela estrada, não queremos parar de jeito nenhum.

SIMI: Aproveitando o gancho, como era a Geraes antes e depois do Seed? Como foi esse desenvolvimento?
Adriano: Quando fomos selecionados para o Seed, já vínhamos amadurecendo a questão de modelar a empresa para crescer. Até então, em 2016/2017, a empresa era muito dependente de mim como fundador. Meu sócio era professor da UFMG e tinha acabado de aposentar quando passamos no Seed. Então, ele estava entrando na empresa, na prática, depois de oito anos de funcionamento. Sozinho eu não conseguia pensar em escala. Só conseguia pensar em montar e entregar o produto, receber e pagar as contas e fazer o ciclo. Quando entramos no Seed, foi quando meu sócio entrou de cabeça na empresa. foi fundamental para ele se inteirar também do mundo do empreendedorismo, como isso funciona de uma maneira totalmente diferente da academia. Foi legal para ele se nivelar com o que eu estava passando nos últimos anos e também para nós, juntos, nos inteirarmos sobre novos modelos de negócios, sobre novas possibilidades de receitas, sobre como ir para o mercado, como posicionar o produto e as soluções que estávamos oferecendo. Os seis meses que passamos pelo Seed proporcionaram um crescimento conjunto dos fundadores. Com o incentivo financeiro, conseguimos fazer, de uma maneira bem inteligente, aquilo que não conseguíamos, porque nunca tivemos investidor. Conseguimos compor um estoque mínimo e passar a oferecer o produto de uma maneira mais ousada. Não tínhamos como fazer isso porque a vivíamos operando em bootstrapping, que é operar a empresa com os recursos que ela mesma provê. Como não tínhamos um aporte para dar um impulso e sair desse ciclo, o Seed deu esse recurso e nós finalmente saímos desse ciclo e passamos a crescer. Foi uma virada de chave muito importante, tanto do ponto de vista de aprendizado, como também como impulso financeiro para sair daquele estágio. Não adiantaria nada ter o input de conhecimento se a gente não tivesse essa parte financeira para nos apoiar e tirar do lugar.

SIMI: Você falou sobre investidor. Vocês já conseguiram investidor? Como é conseguir investidor na área de tecnologia assistiva?
Adriano:  Nunca buscamos ativamente um investidor, por duas razões basicamente. Primeiro, porque sempre acreditamos na nossa startup. Sempre modelamos como uma empresa convencional do ponto de vista financeiro. Se você abre uma padaria, você tem que gerar caixa no dia seguinte. Não pode ficar esperando um investidor vir e botar dinheiro para girar o negócio. Apesar de ser um produto com potencial de escala, sempre pensamos que se não faturássemos, iríamos morrer. Então sempre demos nosso jeito de gerar caixa para a empresa, de preferência com nossos próprios produtos. De 2015 para 2016, começamos a, efetivamente, não precisar mais contar com empréstimos e colocar dinheiro do nosso próprio bolso para rodar. Isso já foi um grande alívio. Mas nunca paramos para buscar investidor porque já sabíamos que uma hora isso iria, naturalmente, se alimentar. Acreditávamos muito no nosso produto. Outra razão para não buscarmos investidores é porque tanto na área de hardware, como na de tecnologia com pessoas para deficiência, os investidores tradicionais não conhecem muito, não enxergam que é um mercado gigantesco. Não sabem que 20% da população mundial têm alguma deficiência. Eles acham que esse mercado não existe porque você simplesmente não vê essas pessoas na rua. E é isso que estamos fazendo. Abrimos uma startup para tirar a invisibilidade que as pessoas com deficiência tem. A gente está aqui para empoderar as PCDs para fazer com que elas sejam incluídas, para que apareçam.  Quando elas aparecerem todos vão perceber que é um grande mercado. Mas já estaríamos nadando nesse mercado. Agora que não morremos e estamos começando a crescer, estamos nadando em um oceano azul, está bem legal. Há poucos players nesse mercado. Quem quiser entrar no mercado vai ter que aprender muito sobre a causa das PCDs antes de aprender sobre tecnologia. Então nesse momento nem é tão interessante buscar um investidor, porque conseguimos fazer a coisa decolar com esforço próprio. Se a tropeçarmos com alguém que queira fazer parte disso e tenha um feat com nosso negócio, nunca vamos fechar as portas. Mas não é uma necessidade que temos agora. O negócio está andando por conta própria e o melhor dinheiro para se investir na empresa é o dinheiro do seu cliente.

SIMI: Qual é a maior dificuldade para empreender na área de tecnologia assistiva?
Adriano: A primeira é desmistificar algumas coisas. Especialmente no Brasil, existe uma percepção das próprias pessoas com deficiência, e de suas famílias, que todo o equipamento voltado para PCD é caro. Isso não é por acaso. Como não existe praticamente indústria nacional para nada na área, todas as tecnologias estão sendo importadas e chegam aqui por preços exorbitantes. Estávamos começando a quebrar isso agora. As pessoas, às vezes, se negam a procurar soluções para isso por causa do mito do preço. Então, a primeira dificuldade é quebrar isso. A outra questão é convencer todos os stakeholders, os fornecedores, os próprios clientes de que existe uma demanda, existe um mercado para isso. As pessoas estão dispostas a pagar se isso realmente resolver uma dor que elas têm. É justamente aí que tentamos mostrar nosso valor. A gente está entregando alguma coisa que realmente muda a vida dessas pessoas. E nada mais justo do que isso gerar uma processo – financeiramente – que possa escalar. De outra forma isso é filantropia, que, aliás, é outra coisa que precisa ser desmistificada. Muitas vezes, as pessoas falam que estamos ganhando dinheiro em cima das PCD. Não, de forma alguma. Estou melhorando a vida delas. A melhor maneira de melhorar a vida de cada vez mais pessoas é por meio de um negócio. Se eu fosse simplesmente fazer filantropia, doação, caridade, eu não conseguiria escalar. Eu mudaria a vida de uma ou duas pessoas, mas, por meio de um negócio, que é sustentado por sua própria receita, eu posso impactar milhões de pessoas. Não apenas no Brasil, mas lá fora. É preciso que as pessoas mudem esse mindset, de achar que tudo que é relacionado à causa social, ou uma fatia social que está em situação de vulnerabilidade, é uma exploração.

SIMI: O que você vê para o futuro da Geraes?
Adriano: Recentemente, de abril para maio, fomos selecionados como uma das Portfolio Companies da Singularity University. Isso é algo grandioso pra gente. Fazemos parte de um portfólio que é composto por apenas 58 startups do mundo inteiro, que são apoiadas pela Singularity para poder impactar 1 bilhão de pessoas nos próximos 10 anos. Abrimos uma firma nos EUA para isso e a Singularity tem 3% da empresa. Ficamos três semanas no Vale do Silício fazendo um programa de incubação, para aprender sobre estratégias, conhecer nossos conselheiros desta empreitada, que vão nos ajudar a pegar o que desenvolvemos no Brasil e ampliar para ter um impacto também fora. Essa é uma das coisas grandiosas que nos aconteceu este ano e vamos começar a focar em como escalar isso globalmente a partir do segundo semestre. Mas nada vai acontecer lá fora se não estiver acontecendo muito bem aqui dentro. Nossa prioridade ainda é o Brasil, especialmente o mercado educacional, o mercado de inclusão escolar, de alunos com deficiência, principalmente na rede pública. Temos um case muito legal na Prefeitura de Recife, que implantou a nossa tecnologia no início deste ano. Queremos levar nossa solução para outras prefeituras, outros governos de estado e, claro, atender também a pessoa com deficiência que está em casa, que precisa de acessibilidade para usar computador e se comunicar. Vamos continuar atendendo esse público com muita atenção. Foram eles que nos fizeram aprender e melhorar o produto, para entregar algo que gere valor para eles.

Adendo ao edital / Addendum

Adendo ao edital / Addendum

A 5ª rodada do SEED está chegando e a nossa equipe está na raça para que seja sensacional.

O resultado pode ser divulgado a qualquer momento, de acordo com a previsão do edital, a partir de 6 de junho. No último dia 18 foi publicado um adendo ao nosso chamamento público, no Diário Oficial do Estado, remarcando o início da rodada para acontecer a partir de 09 de julho.

Estamos nos preparando e, o mais breve possível, anunciamos as startups selecionadas e o início do programa.

Aqui, você pode ler o adendo.

SEED’s 5th batch is coming and our team is working to make it amazing.
The result can be published at any time, accordingly to our public call, starting June 6th. During June 18th, it was also published an addendum to our public call in the Official Journal of the Union, rescheduling the start of this batch from July 9th onwards.
We are getting ready, and as soon as possible, we will announce the selected startups and the inauguration date for the 5th batch.
Read the addendum here.
#PerfilEmpreendedor: “A Evoé é uma forma democrática de você escolher para onde seu imposto vai”

#PerfilEmpreendedor: “A Evoé é uma forma democrática de você escolher para onde seu imposto vai”

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Por: Renato Carvalho/SIMI

Formada em Teatro e Design Gráfico, a empreendedora Bruna Kassab, de 27 anos, é o Perfil Empreendedor desta semana no Conexão SEED e Simi. A fundadora e CEO da startup Evoé, acelerada na 4ª rodada do SEED, tem o propósito de desburocratizar as leis de incentivo e ajudar na melhor distribuição do dinheiro da cultura.

De família libanesa, Bruna batalha para abrir espaço para sua startup no mercado e também para as mulheres empreendedoras. Quer conhecer um pouco mais sobre ela? Confira a entrevista na íntegra:

SIMI: O que é a Evoé?
Bruna: A Evoé é uma plataforma de financiamento coletivo, com o diferencial de usar leis de incentivo à cultura. A gente brinca que queremos hackear a Lei Rouanet, a lei federal de incentivo à cultura. Aceitamos projetos aprovados por essa lei e, pessoas físicas, que fazem a declaração completa de imposto de renda, podem destinar parte do imposto para a lei. Então, é um financiamento coletivo com imposto de renda. As pessoas não sabem que isso existe. A ideia é simplificar e desburocratizar as leis de incentivo para o dinheiro da cultura ser melhor distribuído.

SIMI: Como surgiu essa dor, como decidiram criar a Evoé?
Bruna: Foi uma dor muito pessoal. Eu sou formada em Teatro e sempre escuto que na vida é preciso ter um plano B, porque ser artista não é uma profissão que dá dinheiro. Comecei a fazer cursos de empreendedorismo, estava meio perdida na vida. Durante um curso havia uma banca em que tinha que apresentar uma ideia e assim começou a nascer a Evoé. Comecei a estudar sobre leis de incentivo e vi que tinha muito dinheiro parado e que poderia ser utilizado. Ninguém fala sobre os mecanismos que existem. Conheci, durante esse meio tempo, uma cineasta que conseguiu levantar R$ 100 mil para um curta só batendo em porta de pessoa física. É um dinheiro que você já paga para o Governo, mas que pode destinar para a cultura. Você pode destinar a um projeto 6% do valor devido do imposto. Pensei em levar isso para o online. Quando comecei, não tinha nem noção do que era startup. Achei um desenvolvedor, que começou como um freela, e apareceram várias pedras no caminho. Achei que ia lançar a plataforma e já começaria a dar dinheiro e que seria tudo lindo e maravilhoso, mas não é bem assim. Aos poucos comecei a entrar nesse mundo de empreendedorismo e startups. Vi que precisava ter um desenvolvedor comigo, porque meu core business é tecnologia. Então, pensei: “vou iniciar a Evoé para começar a tirar meus projetos pessoais do papel”. Mas a última coisa que tive tempo foi para fazer isso.

SIMI: Então você nunca teve outras experiências com empreendedorismo antes da Evoé?
Bruna: Já trabalhei, formei em Design de Interiores, minha mãe tem uma empresa de comércio exterior. Venho de uma família empreendedora. Minha mãe sempre me botou para trabalhar desde cedo. Já trabalhei nessa área durante seis anos, mas administrava o escritório com minha mãe. Não via propósito, não era o que eu gostava de fazer. Em design também fiz vários estágios, trabalhei, mas eu via mais como um hobby do que como profissão. Resolvi arriscar. Minha mãe me inspira muito, minha avó inspirou muito minha mãe. Somos de uma família de mulheres que empreendem.

SIMI: Você é formada em Design e Teatro. Como foi sair dessa área criativa e ir para o empreendedorismo?
Bruna: Não sinto que saí. Sinto que faço parte de cada  projeto que entra na Evoé. Ainda tenho meu tempo livre e foco nesta parte. Mas, claro, a Evoé é um bebê, está nascendo, então a maioria do meu tempo está focado nisso e o resultado tem sido muito legal. Ainda não desisti. É algo que ainda tenho em mente, só não estou depositando 100% da minha energia. Quando a Evoé começar a engatar, vou poder me dedicar aos dois ao mesmo tempo.

SIMI: Qual é a maior dificuldade que você encontrou na Evoé?
Bruna: A gente tinha, no início, um problema muito grande de equipe. Vamos aprendendo. Eu não tinha noção alguma de liderança, de montar equipe. E o SEED me ajudou muito com isso. Depois que a Evoé entrou no programa, amadureceu 300%, não sei nem explicar. A startup começou em outubro de 2015, então este ano ela faz três anos. Ano passado foi uma escola para mim como empreendedora. Acho que errei muito, gastei muito dinheiro onde não devia, depois vi que estava fazendo errado. Estava usando muito o lado artístico e faltava o lado analítico, de tecnologia. Aos poucos, o time foi sendo montado. Nossa maior dificuldade foi achar as pessoas certas. Hoje estamos com um time ‘foda’.

SIMI: Mas dificuldades com as leis de incentivo? Enfrentou alguma?
Bruna: Demais. Até hoje. É um trabalho de formiguinha que a gente está adorando fazer. É algo que tem que ser discutido sim, é o nosso dinheiro, temos que fazer o negócio acontecer. Alguém tem que se preocupar com isso. Quando dá certo é muito legal, a gente faz porque a gente ama mesmo. Não é fácil querer mudar um sistema que está aí há anos, com pessoas que estão há anos no mercado fazendo a mesma coisa. E aí entra uma galera jovem, com tecnologia, tem quem goste e quem não goste. Esse mercado da cultura é bem fechado. Mas tem muita gente nos apoiando, como a Receita Federal, o MINC (Ministério da Cultura), então você vê que as pessoas querem ver acontecer. É um trabalho diário, suado, que atinge uma pessoa e no ano seguinte ela faz de novo.

SIMI: Atualmente há um grande movimento contrário à lei de incentivo. Como é o trabalho com as pessoas para destinar o imposto para a cultura?
Bruna: As pessoas criticam muito a lei, mas não sabem como ela funciona de fato. Quando se é aprovado pela Lei Rouanet, você recebeu um O.K para captar o recurso, não é o governo te dando o dinheiro. A lógica é você ir em grandes empresas, que são quem fazem lucro real, e as empresas dão parte do imposto em troca de marketing cultural e tudo mais. A Evoé é uma oportunidade para projetos pequenos que estão começando e que as empresas não têm interesse em patrocinar. Por isso essa coisa da pessoa física é para todo mundo ter oportunidade. A Rouanet é a lei que mais dá dinheiro para a cultura hoje. Eu sempre tento explicar, mas as pessoas sempre criticam muito. Quando fala do Governo as pessoas dão 10 passos para trás. É um trabalho de educação. Às vezes a pessoa nem faz a doação com o potencial total, para ver se o dinheiro vai voltar, se vair cair na malha fina ou não, mas depois elas vêm que dá certo. Elas acham que é bom demais para ser verdade. “Como assim eu estou colocando um dinheiro que eu já pagaria para o Governo em algo que eu acredito?”. Pelo momento em que estamos vivendo na política do Brasil, é uma oportunidade de, pelo menos 6% do seu imposto, você saber para onde está indo. Só de saberem que parte do imposto não está indo para o bolo do governo, as pessoas já ficam mais aliviadas. É uma forma democrática de você escolher para onde seu imposto vai. As pessoas que fazem uma vez, veem que é tranquilo, tudo certinho, no ano seguinte já chegam com os 6% para investir na cultura. Brasileiro ainda não tem uma cultura de doação muito forte. Lá fora, vários equipamentos culturais são financiados em grande parte por pessoas físicas. Os produtos culturais, hoje em dia, não querem ficar na mão de um único patrocinador, porque se naquele ano o patrocinador não tem lucro, você perde seu patrocínio inteiro. Então, a gente acredita muito no poder do coletivo, e pessoas fazendo junto, acreditando em pessoas. O financiamento coletivo foi uma ferramenta que está em crescimento, é uma forma de ser transparente, tudo online. Não é fácil. É um desafio diário, mas que estamos enfrentando.

SIMI: Você falou da sua mãe e sua avó. Qual o papel da sua família na sua decisão de empreender?
Bruna: A história da minha avó é muito forte. Ela veio fugida do Líbano com minha mãe no colo, porque se separou lá. Ela foi uma das primeiras mulheres libanesas a se divorciar, de um casamento arranjado. Veio porque tinha alguns parentes morando aqui e lá não podia fazer nada. Ela colocou minha mãe, com 13 anos, no colo e veio para cá, sem falar português. Começou a vender marmita árabe para sobreviver aqui. Ela foi uma mulher muito forte e corajosa. Acho que ela nem tem noção dessa força, de largar tudo, e vir para um país desconhecido. Já minha mãe fez Comércio Exterior, começou a trabalhar desde muito cedo. E aí um dia ela foi demitida, com três filhas para criar, já estava divorciada. Minha avó tinha algumas jóias, acreditou na minha mãe, penhorou essas jóias e minha mãe começou a empreender, com 30 e poucos anos, abrindo a empresa dela de comércio exterior. Minha mãe foi muito esperta, pegou as pessoas-chave do mercado, e começou assim. Hoje a empresa cresceu muito. Tive esse privilégio, esse conforto, de poder arriscar. Do mesmo jeito que minha avó ajudou minha mãe, minha mãe me apoiou desde o dia 1. Ela até me chamou, conversou comigo, perguntou se eu tinha certeza que queria abrir o próprio negócio. Porque a partir do momento que você tem um negócio é trabalho 24 horas por dia, você não fica tranquilo enquanto o salário da galera não está pago, você não vai ter um chefe só, você vai ter milhares. Minha mãe foi minha coach. Assim como minha avó apoiou minha mãe, minha mãe sempre acreditou e me apoiou. Vejo que as gerações vão mudando. Minha avó empreendeu por sobrevivência. Minha mãe começou a empreender por necessidade de ganhar dinheiro. Ela falava que não sabia se amava comércio exterior, mas que era o que ela havia feito na faculdade e sabia fazer. Hoje em dia, eu penso no bem comum, não vou empreender sem pensar no propósito. Na Evoé todo mundo vê as coisas acontecendo e sente parte daquilo. Por isso acho que não dei conta de trabalhar com minha mãe, de virar ‘herdeira’ (rs), vamos dizer assim. Já estava tudo pronto, montado e eu poderia acomodar e seguir minha vida.

SIMI: Vindo de uma família de mulheres fortes, como é ser uma mulher empreendedora em um mercado ainda muito machista?
Bruna:  Quando eu cheguei no SEED assustei. Eu lembro que de um universo de 40 startups, apenas 7 CEOs eram mulheres. Então é um número ainda muito baixo. Eu lembro que não tinha nenhuma desenvolvedora mulher. Agora, cada vez mais, tem rolado mais movimentos de mulheres na tecnologia. Mas é sim um mercado fechado, que está começando a se abrir. Durante o programa, via machismos acontecendo. Acho que está tão enraizado nas pessoas que passa sem perceber. A gente vê que a maioria dos palestrantes são homens, que no dia 1 não veio nenhuma mulher empreendedora falar, então as mulheres sentem. Para a maioria das pessoas é muito natural, mas sinto que há muito mulher ‘foda’ fazendo muita coisa ‘foda’. A gente vai ocupar tudo, já está ocupando. Sinto muito orgulho de ter feito parte do SEED, esse programa é sensacional.

SIMI: Mas é mais difícil empreender sendo mulher?
Bruna: No mercado de tecnologia já senti . Às vezes, você vai conversar com investidor e eles não dão tanta moral por ser mulher. Já percebi em várias reuniões que a pessoa não olha para você. Mas ao mesmo tempo tem muita gente abrindo a cabeça. Isso já está tão pré-histórico. A ideia é as mulheres irem com tudo. Conheci cada mulher sensacional aqui, que me inspira, a Janayna Bhering, a Ju Brasil, a Amanda Busato, todas empreendedoras da rodada passada. A gente tinha um grupo de CEOs mulheres, a gente se apoiava. A gente tem que se unir. O grupo era para discutir sobre funcionários, lideranças. Faltava essa força das mulheres e a gente resolveu se unir. Mas no mercado ainda falta muito.

SIMI: Como você avalia a Evoé antes e depois do SEED?
Bruna: Sempre falo: a palavra é amadurecimento. Antes eu nem sabia o que era uma startup. A gente caiu muito de paraquedas, nem sei como fomos aprovados. Mas foi muito legal. Acho que eu, Bruna, como empreendedora, cresci muito. Ainda tenho muito o que crescer, estou engatinhando ainda. Todo dia apanho, aprendo demais, mas o Seed foi tapa na cara todo santo dia. Foram seis meses muito intensos. Eu reestruturei minha equipe inteira. A plataforma mudou muita coisa, comecei a enxergar que estava perdendo muito tempo com coisas à toa, que não me levariam aonde eu queria chegar. Trabalhar com objetivo, com foco. Antes estava apenas indo, não tinha uma estratégia, não tinha um foco, não tinha alguém para puxar. O programa foi me puxando e a Evoé cresceu muito. Foi uma escola. A troca entre os empreendedores, o networking aqui foi sensacional. As portas que se abrem, a visibilidade é muito grande. O aporte financeiro é o de menos. Você vira parte da família e sei que tudo que precisar vai estar aí no SEED.

SIMI: Como a Evoé está hoje?
Bruna: A gente está numa fase de reformulação da plataforma. Ela foi começando de uma forma muito imatura, e aí resolvemos colocá-la para baixo e começar do zero, senão iria virar um emaranhado de coisas. Acredito que em julho vamos lançar a plataforma 2.0, sempre em construção. A gente recebe feedback dos usuários dos projetos e vai sempre melhorando. Eu falo que meu objetivo nunca foi ser uma plataforma de financiamento coletivo. O objetivo é desenvolver e trazer sustentabilidade para projetos da economia criativa. A plataforma é apenas uma ferramenta. A gente tem visto outros mercados e formas de fazer o inverso, de fazer parceria com contadores para a Receita Federal. Esse ano a gente começou a trabalhar nisso para ter a base de apoiadores para dividir entre os projetos. Ao invés de ter os projetos para correr atrás dos apoiadores. Ter essa base de dinheiro, de imposto, para que cada vez mais projetos aconteçam e saiam do papel.

SIMI: Nesta longa escadaria que é empreender, qual seria o próximo degrau para a startup?
Bruna: Olha, primeiro a gente tem que dominar o local, nossa cidade, nosso estado. A gente não quer dominar o mundo. Estamos entendendo. Tem muita coisa acontecendo, a cena cultural de Belo Horizonte está vibrante. Então primeiro estamos focados nisso para esse resto de 2018. Mas é claro que queremos crescer. A gente já teve projetos pelo Brasil, mas acho que o próximo passo é se tornar referência. Quando se pensar em cultura, se pensar em Evoé. A gente tem muitas ideias, mas não tem tanto braço para fazer. A gente faz eventos mensais na Evoé para discutir assuntos. Tudo que você imaginar que desenvolve a economia criativa, a gente faz. Esse ano estamos focando na plataforma, para ser linda, e depois a gente foca na parte criativa.

Via SIMI

#SEEDiário – O que aconteceu por aqui em maio

#SEEDiário – O que aconteceu por aqui em maio

Maio é conhecido por ser o mês das noivas, mês das mães e do orgulho geek. Por aqui, foi um mês agitado, marcado por muitos eventos, conexões e pelas consequências da greve dos caminhoneiros, que paralisou o país.

Em meio a todos esses acontecimentos,  foi um mês intenso, em que toda a equipe se mobilizou para planejar uma chegada épica para as 40 novas startups que participam da nossa 5ª rodada de aceleração.

Quer saber mais sobre os acontecimentos no SEED? Então, continue com a gente!

 

Perfil empreendedor

Na primeira semana do mês lançamos a editoria Perfil Empreendedor, feita em parceria com o Simi Nela, contamos a trajetória dos empreendedores que passaram por aqui, mostrando as perdas, ganhos, fracassos e glórias que vêm junto com o ato de  empreender. Já lançamos quatro, confira:


Aprendizado intenso no SEED Academy

O SEED Academy, nosso programa de formação de agentes de aceleração, teve  grandes momentos em maio. Os academers tiveram contato com diversos conteúdos importantes para o trabalho com startups. Na primeira do mês semana participaram de exposições de profissionais  de mercado falando sobre vendas, estratégia, marketing e comunicação, cultura, financiamento e tudo mais que interessa o universo de empreendedorismo e inovação. Cobertura completa aqui

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Nas outras semanas, aprenderam e aplicaram as metodologias de design sprint para resolver problemas reais e colocaram na prática o que aprenderam a partir do trabalho com empreendedores acelerados pelo SEED.

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O programa contou com 240 horas de teoria e prática e encerrou-se no dia 31 de maio. Formamos 10 agentes capacitados para contribuir com o ecossistema de empreendedorismo e inovação local e global, a partir do apoio ao desenvolvimento de modelos de negócio e produtos.

O encerramento aconteceu na quarta-feira, 30 de maio, e contou com a apresentação dos trabalhos finais e feedbacks por parte dos academers e da equipe de aceleração do SEED. O programa de formação teve resultados sensacionais e todo mundo saiu feliz. Em breve, iremos contar quais foram os 06 selecionados para trabalhar conosco e para onde os outros 04 irão. Valeu, galera! ❤


Eventos no SEED

No dia 09 de maio, o SEED recebeu o Founder Institute em um evento que reuniu agentes ativos do ecossistema de empreendedorismo e inovação de Belo Horizonte.

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O Café 104 sediou o encerramento da Semana de Comunicação e Mercado da Faculdade Promove, que contou com palestras do Daniel Oliveira, coordenador de aceleração do SEED, de nomes do ecossistema, representantes do Lemonade, Hub Minas Digital e da startup Melhor Plano.  

Em 24 de maio, recebemos, no Café 104, o FuckUp Nights, realizado pela Húmus, com quatro convidados, incluindo nosso program manager, Bruno Scolari, para falar dos seus fracassos e, consequentemente, dos seus aprendizados. Foi um sucesso!

fuckupnights

Também recebemos o Red Bull Basement, no dia 26 de maio, para falar sobre tecnologia, inovação, startups, empreendedorismo e, por fim, para apresentar o projeto Basement da Red Bull.

redbullbasement
#SEEDRecebeu

Recebemos várias visitas especiais este mês, olha só:


SEED por aí

Nosso program manager, Bruno Scolari, além de participar do FuckUp Nights,  também representou o SEED, no dia 23 de maio, na Amcham BH, na mesa “As várias facetas do empreendedor na capital” com grandes nomes do empreendedorismo da cidade.

Fomos na inauguração da obra do P7 Criativo, uma agência de desenvolvimento da indústria criativa de Minas Gerais. O novo prédio ficará no coração da cidade, bem na Praça Sete.

Nossa Biz Dev, Lorena Mancini, participou de um webinário da Yes7 contar por que  Minas Gerais é o lugar certo para empreender.

O SEED marcou presença – tanto a equipe quanto os alumnis – no Corporate Startup Summit, da Fiemg Lab, que trouxe convidados  nacionais e internacionais de grandes empresa para falar sobre inovação na indústria, no varejo, na saúde, na construção civil e sobre transformação digital. No evento, tivemos o prazer de assistir a uma roda de conversa com um empreendedor que passou pelo SEED, Gustavo Landsberg, da Canguru Gravidez.

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Estivemos, a convite do Simi, no Sebrae Reload, um evento sobre marketing digital e novas tecnologias, organizado pelo Sebrae MG, com palestras de Martha Gabriel, Vitor Peçanha e Jout Jout.

Para fechar o mês com chave de ouro, nossos coordenadores do programa foram até a Meliuz e foram recebidos pelo CEO, Israel Salmen, para uma conversa sobre day outs, mentorias e outras formas de colaboração.


Um marco!

Atingimos a marca de 5k no Instagram e ficamos muito felizes pela confiança e parceria de todos. Bora chegar nos 10k agora? ❤


Comemoração

Túlio, nosso agente de aceleração, e a Tássia, community manager, assopraram as velinhas e comemoraram mais um ano de vida com a gente! 🎂

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E aí, curtiu os acontecimentos no SEED? Nos acompanhe nas redes sociais e fique por dentro de tudo que acontece por aqui em primeira mão. 😉