Bruna Evoé

#PerfilEmpreendedor: “A Evoé é uma forma democrática de você escolher para onde seu imposto vai”

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Por: Renato Carvalho/SIMI

Formada em Teatro e Design Gráfico, a empreendedora Bruna Kassab, de 27 anos, é o Perfil Empreendedor desta semana no Conexão SEED e Simi. A fundadora e CEO da startup Evoé, acelerada na 4ª rodada do SEED, tem o propósito de desburocratizar as leis de incentivo e ajudar na melhor distribuição do dinheiro da cultura.

De família libanesa, Bruna batalha para abrir espaço para sua startup no mercado e também para as mulheres empreendedoras. Quer conhecer um pouco mais sobre ela? Confira a entrevista na íntegra:

SIMI: O que é a Evoé?
Bruna: A Evoé é uma plataforma de financiamento coletivo, com o diferencial de usar leis de incentivo à cultura. A gente brinca que queremos hackear a Lei Rouanet, a lei federal de incentivo à cultura. Aceitamos projetos aprovados por essa lei e, pessoas físicas, que fazem a declaração completa de imposto de renda, podem destinar parte do imposto para a lei. Então, é um financiamento coletivo com imposto de renda. As pessoas não sabem que isso existe. A ideia é simplificar e desburocratizar as leis de incentivo para o dinheiro da cultura ser melhor distribuído.

SIMI: Como surgiu essa dor, como decidiram criar a Evoé?
Bruna: Foi uma dor muito pessoal. Eu sou formada em Teatro e sempre escuto que na vida é preciso ter um plano B, porque ser artista não é uma profissão que dá dinheiro. Comecei a fazer cursos de empreendedorismo, estava meio perdida na vida. Durante um curso havia uma banca em que tinha que apresentar uma ideia e assim começou a nascer a Evoé. Comecei a estudar sobre leis de incentivo e vi que tinha muito dinheiro parado e que poderia ser utilizado. Ninguém fala sobre os mecanismos que existem. Conheci, durante esse meio tempo, uma cineasta que conseguiu levantar R$ 100 mil para um curta só batendo em porta de pessoa física. É um dinheiro que você já paga para o Governo, mas que pode destinar para a cultura. Você pode destinar a um projeto 6% do valor devido do imposto. Pensei em levar isso para o online. Quando comecei, não tinha nem noção do que era startup. Achei um desenvolvedor, que começou como um freela, e apareceram várias pedras no caminho. Achei que ia lançar a plataforma e já começaria a dar dinheiro e que seria tudo lindo e maravilhoso, mas não é bem assim. Aos poucos comecei a entrar nesse mundo de empreendedorismo e startups. Vi que precisava ter um desenvolvedor comigo, porque meu core business é tecnologia. Então, pensei: “vou iniciar a Evoé para começar a tirar meus projetos pessoais do papel”. Mas a última coisa que tive tempo foi para fazer isso.

SIMI: Então você nunca teve outras experiências com empreendedorismo antes da Evoé?
Bruna: Já trabalhei, formei em Design de Interiores, minha mãe tem uma empresa de comércio exterior. Venho de uma família empreendedora. Minha mãe sempre me botou para trabalhar desde cedo. Já trabalhei nessa área [comércio exterior] durante seis anos, mas administrava o escritório com minha mãe. Não via propósito, não era o que eu gostava de fazer. Em design também fiz vários estágios, trabalhei, mas eu via mais como um hobby do que como profissão. Resolvi arriscar. Minha mãe me inspira muito, minha avó inspirou muito minha mãe. Somos de uma família de mulheres que empreendem.

SIMI: Você é formada em Design e Teatro. Como foi sair dessa área criativa e ir para o empreendedorismo?
Bruna: Não sinto que saí. Sinto que faço parte de cada  projeto que entra na Evoé. Ainda tenho meu tempo livre e foco nesta parte. Mas, claro, a Evoé é um bebê, está nascendo, então a maioria do meu tempo está focado nisso e o resultado tem sido muito legal. Ainda não desisti. É algo que ainda tenho em mente, só não estou depositando 100% da minha energia. Quando a Evoé começar a engatar, vou poder me dedicar aos dois ao mesmo tempo.

SIMI: Qual é a maior dificuldade que você encontrou na Evoé?
Bruna: A gente tinha, no início, um problema muito grande de equipe. Vamos aprendendo. Eu não tinha noção alguma de liderança, de montar equipe. E o SEED me ajudou muito com isso. Depois que a Evoé entrou no programa, amadureceu 300%, não sei nem explicar. A startup começou em outubro de 2015, então este ano ela faz três anos. Ano passado foi uma escola para mim como empreendedora. Acho que errei muito, gastei muito dinheiro onde não devia, depois vi que estava fazendo errado. Estava usando muito o lado artístico e faltava o lado analítico, de tecnologia. Aos poucos, o time foi sendo montado. Nossa maior dificuldade foi achar as pessoas certas. Hoje estamos com um time ‘foda’.

SIMI: Mas dificuldades com as leis de incentivo? Enfrentou alguma?
Bruna: Demais. Até hoje. É um trabalho de formiguinha que a gente está adorando fazer. É algo que tem que ser discutido sim, é o nosso dinheiro, temos que fazer o negócio acontecer. Alguém tem que se preocupar com isso. Quando dá certo é muito legal, a gente faz porque a gente ama mesmo. Não é fácil querer mudar um sistema que está aí há anos, com pessoas que estão há anos no mercado fazendo a mesma coisa. E aí entra uma galera jovem, com tecnologia, tem quem goste e quem não goste. Esse mercado da cultura é bem fechado. Mas tem muita gente nos apoiando, como a Receita Federal, o MINC (Ministério da Cultura), então você vê que as pessoas querem ver acontecer. É um trabalho diário, suado, que atinge uma pessoa e no ano seguinte ela faz de novo.

SIMI: Atualmente há um grande movimento contrário à lei de incentivo. Como é o trabalho com as pessoas para destinar o imposto para a cultura?
Bruna: As pessoas criticam muito a lei, mas não sabem como ela funciona de fato. Quando se é aprovado pela Lei Rouanet, você recebeu um O.K para captar o recurso, não é o governo te dando o dinheiro. A lógica é você ir em grandes empresas, que são quem fazem lucro real, e as empresas dão parte do imposto em troca de marketing cultural e tudo mais. A Evoé é uma oportunidade para projetos pequenos que estão começando e que as empresas não têm interesse em patrocinar. Por isso essa coisa da pessoa física é para todo mundo ter oportunidade. A Rouanet é a lei que mais dá dinheiro para a cultura hoje. Eu sempre tento explicar, mas as pessoas sempre criticam muito. Quando fala do Governo as pessoas dão 10 passos para trás. É um trabalho de educação. Às vezes a pessoa nem faz a doação com o potencial total, para ver se o dinheiro vai voltar, se vair cair na malha fina ou não, mas depois elas vêm que dá certo. Elas acham que é bom demais para ser verdade. “Como assim eu estou colocando um dinheiro que eu já pagaria para o Governo em algo que eu acredito?”. Pelo momento em que estamos vivendo na política do Brasil, é uma oportunidade de, pelo menos 6% do seu imposto, você saber para onde está indo. Só de saberem que parte do imposto não está indo para o bolo do governo, as pessoas já ficam mais aliviadas. É uma forma democrática de você escolher para onde seu imposto vai. As pessoas que fazem uma vez, veem que é tranquilo, tudo certinho, no ano seguinte já chegam com os 6% para investir na cultura. Brasileiro ainda não tem uma cultura de doação muito forte. Lá fora, vários equipamentos culturais são financiados em grande parte por pessoas físicas. Os produtos culturais, hoje em dia, não querem ficar na mão de um único patrocinador, porque se naquele ano o patrocinador não tem lucro, você perde seu patrocínio inteiro. Então, a gente acredita muito no poder do coletivo, e pessoas fazendo junto, acreditando em pessoas. O financiamento coletivo foi uma ferramenta que está em crescimento, é uma forma de ser transparente, tudo online. Não é fácil. É um desafio diário, mas que estamos enfrentando.

SIMI: Você falou da sua mãe e sua avó. Qual o papel da sua família na sua decisão de empreender?
Bruna: A história da minha avó é muito forte. Ela veio fugida do Líbano com minha mãe no colo, porque se separou lá. Ela foi uma das primeiras mulheres libanesas a se divorciar, de um casamento arranjado. Veio porque tinha alguns parentes morando aqui e lá não podia fazer nada. Ela colocou minha mãe, com 13 anos, no colo e veio para cá, sem falar português. Começou a vender marmita árabe para sobreviver aqui. Ela foi uma mulher muito forte e corajosa. Acho que ela nem tem noção dessa força, de largar tudo, e vir para um país desconhecido. Já minha mãe fez Comércio Exterior, começou a trabalhar desde muito cedo. E aí um dia ela foi demitida, com três filhas para criar, já estava divorciada. Minha avó tinha algumas jóias, acreditou na minha mãe, penhorou essas jóias e minha mãe começou a empreender, com 30 e poucos anos, abrindo a empresa dela de comércio exterior. Minha mãe foi muito esperta, pegou as pessoas-chave do mercado, e começou assim. Hoje a empresa cresceu muito. Tive esse privilégio, esse conforto, de poder arriscar. Do mesmo jeito que minha avó ajudou minha mãe, minha mãe me apoiou desde o dia 1. Ela até me chamou, conversou comigo, perguntou se eu tinha certeza que queria abrir o próprio negócio. Porque a partir do momento que você tem um negócio é trabalho 24 horas por dia, você não fica tranquilo enquanto o salário da galera não está pago, você não vai ter um chefe só, você vai ter milhares. Minha mãe foi minha coach. Assim como minha avó apoiou minha mãe, minha mãe sempre acreditou e me apoiou. Vejo que as gerações vão mudando. Minha avó empreendeu por sobrevivência. Minha mãe começou a empreender por necessidade de ganhar dinheiro. Ela falava que não sabia se amava comércio exterior, mas que era o que ela havia feito na faculdade e sabia fazer. Hoje em dia, eu penso no bem comum, não vou empreender sem pensar no propósito. Na Evoé todo mundo vê as coisas acontecendo e sente parte daquilo. Por isso acho que não dei conta de trabalhar com minha mãe, de virar ‘herdeira’ (rs), vamos dizer assim. Já estava tudo pronto, montado e eu poderia acomodar e seguir minha vida.

SIMI: Vindo de uma família de mulheres fortes, como é ser uma mulher empreendedora em um mercado ainda muito machista?
Bruna:  Quando eu cheguei no SEED assustei. Eu lembro que de um universo de 40 startups, apenas 7 CEOs eram mulheres. Então é um número ainda muito baixo. Eu lembro que não tinha nenhuma desenvolvedora mulher. Agora, cada vez mais, tem rolado mais movimentos de mulheres na tecnologia. Mas é sim um mercado fechado, que está começando a se abrir. Durante o programa, via machismos acontecendo. Acho que está tão enraizado nas pessoas que passa sem perceber. A gente vê que a maioria dos palestrantes são homens, que no dia 1 não veio nenhuma mulher empreendedora falar, então as mulheres sentem. Para a maioria das pessoas é muito natural, mas sinto que há muito mulher ‘foda’ fazendo muita coisa ‘foda’. A gente vai ocupar tudo, já está ocupando. Sinto muito orgulho de ter feito parte do SEED, esse programa é sensacional.

SIMI: Mas é mais difícil empreender sendo mulher?
Bruna: No mercado de tecnologia já senti [dificuldade]. Às vezes, você vai conversar com investidor e eles não dão tanta moral por ser mulher. Já percebi em várias reuniões que a pessoa não olha para você. Mas ao mesmo tempo tem muita gente abrindo a cabeça. Isso já está tão pré-histórico. A ideia é as mulheres irem com tudo. Conheci cada mulher sensacional aqui, que me inspira, a Janayna Bhering, a Ju Brasil, a Amanda Busato, todas empreendedoras da rodada passada. A gente tinha um grupo de CEOs mulheres, a gente se apoiava. A gente tem que se unir. O grupo era para discutir sobre funcionários, lideranças. Faltava essa força das mulheres e a gente resolveu se unir. Mas no mercado ainda falta muito.

SIMI: Como você avalia a Evoé antes e depois do SEED?
Bruna: Sempre falo: a palavra é amadurecimento. Antes eu nem sabia o que era uma startup. A gente caiu muito de paraquedas, nem sei como fomos aprovados. Mas foi muito legal. Acho que eu, Bruna, como empreendedora, cresci muito. Ainda tenho muito o que crescer, estou engatinhando ainda. Todo dia apanho, aprendo demais, mas o Seed foi tapa na cara todo santo dia. Foram seis meses muito intensos. Eu reestruturei minha equipe inteira. A plataforma mudou muita coisa, comecei a enxergar que estava perdendo muito tempo com coisas à toa, que não me levariam aonde eu queria chegar. Trabalhar com objetivo, com foco. Antes estava apenas indo, não tinha uma estratégia, não tinha um foco, não tinha alguém para puxar. O programa foi me puxando e a Evoé cresceu muito. Foi uma escola. A troca entre os empreendedores, o networking aqui foi sensacional. As portas que se abrem, a visibilidade é muito grande. O aporte financeiro é o de menos. Você vira parte da família e sei que tudo que precisar vai estar aí no SEED.

SIMI: Como a Evoé está hoje?
Bruna: A gente está numa fase de reformulação da plataforma. Ela foi começando de uma forma muito imatura, e aí resolvemos colocá-la para baixo e começar do zero, senão iria virar um emaranhado de coisas. Acredito que em julho vamos lançar a plataforma 2.0, sempre em construção. A gente recebe feedback dos usuários dos projetos e vai sempre melhorando. Eu falo que meu objetivo nunca foi ser uma plataforma de financiamento coletivo. O objetivo é desenvolver e trazer sustentabilidade para projetos da economia criativa. A plataforma é apenas uma ferramenta. A gente tem visto outros mercados e formas de fazer o inverso, de fazer parceria com contadores para a Receita Federal. Esse ano a gente começou a trabalhar nisso para ter a base de apoiadores para dividir entre os projetos. Ao invés de ter os projetos para correr atrás dos apoiadores. Ter essa base de dinheiro, de imposto, para que cada vez mais projetos aconteçam e saiam do papel.

SIMI: Nesta longa escadaria que é empreender, qual seria o próximo degrau para a startup?
Bruna: Olha, primeiro a gente tem que dominar o local, nossa cidade, nosso estado. A gente não quer dominar o mundo. Estamos entendendo. Tem muita coisa acontecendo, a cena cultural de Belo Horizonte está vibrante. Então primeiro estamos focados nisso para esse resto de 2018. Mas é claro que queremos crescer. A gente já teve projetos pelo Brasil, mas acho que o próximo passo é se tornar referência. Quando se pensar em cultura, se pensar em Evoé. A gente tem muitas ideias, mas não tem tanto braço para fazer. A gente faz eventos mensais na Evoé para discutir assuntos. Tudo que você imaginar que desenvolve a economia criativa, a gente faz. Esse ano estamos focando na plataforma, para ser linda, e depois a gente foca na parte criativa.

Via SIMI

Natan Rebelo

Natan Rabelo: “Empreender é tirar da lama um diamante, faz muito com muito pouco”

conexão SEED e SIMI-01 (1)

Por: Renato Carvalho/Simi

Empreender não é um processo fácil. Ainda mais depois de anos de trabalho, quando você percebe que é preciso pivotar para o seu negócio funcionar. Mas como lidar com isso? O #PerfilEmpreendedor desta semana traz o fundador da Sidequest, antiga Gamelyst, Natan Rebelo.

Aos 27 anos, o empreendedor, que nasceu no Paraná, passou pela Bahia, Rio de Janeiro, São Paulo, e se estabeleceu em Belo Horizonte. Quer saber o motivo dele ter escolhido Minas Gerais para morar e evoluir o seu negócio? Leia a entrevista completa.

SIMI: Primeiro explica para a gente o que era a Gamelyst e o que é a Sidequest hoje.

Natan: A Gamelyst era um projeto que nasceu em setembro de 2014 com a proposta de ser uma assinatura mensal de jogos para computador: uma Netflix dos games. Já a Sidequest desenvolve soluções digitais customizadas para empresas e indústrias.

SIMI: Como foi sua experiência no SEED?

Natan: O SEED não foi a experiência nossa primeira experiência dentro de aceleração. Acredito que isso também tenha sido um fator importante para chegar até aqui. A gente já tinha vencido o Lemonade 02, depois passamos na aceleração da Techmall e o SEED. Dentre dessas experiências de acelerações, o programa foi um passo importante, especialmente em um momento em que estávamos bem maduros. Ele veio para complementar tudo o que já tínhamos aprendido e o que estava em aprendizado na etapa de mercado, momento em que o bicho começa a pegar.

SIMI: E como você veio para Belo Horizonte?

Natan: Eu venho de família bem humilde. Comecei a trabalhar com 14 anos em lan houses e sempre tive vontade de ser alguém que pudesse mudar o mundo para melhor. Inicialmente pensava em ser presidente do Brasil (rs). Mas eu acho que estava mais para o viés de líder, foi quando percebi que tomando a frente de uma empresa poderia ser bacana. Aos 23 anos fui para o Rio de Janeiro com 300 reais no bolso para estudar Economia na Universidade Federal Fluminense, em Campos do Goytacazes. Lá eu trabalhei como vendedor de sapatos. Recebi bolsa, me tornei líder de classe, fiz iniciação científica, porém percebi que queria ser empreendedor, queria inovar. Quando eu tive a ideia com o Alexandre, que é meu amigo desde a infância, vimos que o Rio não era o melhor lugar para essa parte de tecnologia e de games. Era mais voltado para petróleo, gás e mineração. Então decidimos ir para um lugar que tinha dinheiro e investimento. Fomos para São Paulo, onde percebemos que é um ecossistema grande, mas é um pouco mais complexo, que está um pouco mais maduro e evoluído. Eu estava namorando à distância com uma moça de BH e pensei: “Por que não unir o útil ao agradável?”. Quando vim parar em Belo Horizonte, estava acontecendo um evento do Startup Brasil e custava R$1200 reais a entrada. Eu não tinha dinheiro nem para me manter. Liguei para o organizador e falei: “Eu não tenho dinheiro, mas tenho uma boa ideia. Se você me der oportunidade, eu tenho certeza que vai valer a pena ir no seu evento”. Ele falou: “Já vendemos todos os ingressos, então só se alguém cancelar”. Uma hora antes do evento ele me liga avisando que houve um cancelamento. Lá, conheci o João Bonomo, professor do Ibmec, que adorou minha história de vida, do projeto, e falou que podia nos ajudar. Nos apresentou o Lemonade. Disputamos a entrada, entramos e ganhamos. Depois aconteceu toda essa evolução. Acho que foi a primeira oportunidade que tive de mostrar a minha capacidade, a minha resiliência, que são habilidades que todo empreendedor precisa muito. Empreender não começa dentro da sua startup, é só olhar para sua vida, o que você passou, o tanto que você lutou.

SIMI: Como está a startup hoje?

Natan: Depois de três anos, a Gamelyst foi uma experiência muito boa. Conheci muitas pessoas importantes que agregaram muito ao nosso negócio e para nós mesmos como empreendedores. Percebemos que tínhamos uma tecnologia muito forte, porém que havíamos investido tudo que podíamos na parte da tecnologia. Éramos um projeto B2B2C, ou seja, os estúdios produziam jogos, passavam para a gente, a gente alugava para os clientes. Mas investimos muito na parte B2B, então estava bem estruturada. E quando fomos investir em marketing, não tínhamos dinheiro para colocar para frente. Uma prova de que eu era realmente empreendedor: aprendi que desafios não são problemas, mas oportunidades. Tínhamos um grande desafio pela frente. Sabíamos muito sobre games e as técnicas utilizadas dentro deles, o termo gamificação estava bombando e as empresas estão utilizando bastante. Vimos que era algo legal, que a gente compreendia e que poderia ser aplicada em negócios. Então pensamos: “Por que não começamos a desenvolver aplicativos customizados aplicando o viés da gamificação para as empresas e indústrias da região?”. A primeira empresa que veio nos abordar foi a TekSid, do grupo Fiat Chrysler, e depois disso a gente já fechou um contrato de um ano com uma venture builder, de São Paulo, que chama Internet Intelligence. Outros projetos vieram surgindo e a gente viu que encontramos o nosso mercado. As coisas só foram evoluindo e melhorando. Tínhamos acabado de pivotar a Gamelyst por completo, saindo de um mercado de games e indo para gamificação, desenvolvendo softwares e aplicativos para empresas.

SIMI: É difícil pivotar depois de ter uma trajetória de muito trabalho?

Natan: Não é fácil, quem diz o contrário está mentindo. Depois de muito tempo criando o projeto, se dedicando, vendo a equipe se formar, pessoas investindo, você perceber que precisa mudar é difícil. E aí vem o maior desafio: enxergar que aquilo não é um fracasso, mas sim um aprendizado muito importante para dar um passo que trazer os resultados que sempre almejou, fazer algo que realmente traga valor ao mercado. Tem que entender que você não falhou, mas sim que isso faz parte do aprendizado. Até no (livro) Lean Startup mostra que é preciso estar sempre errando para poder aprimorar. Eu acho que a pivotagem é o master desses erros. Se você souber lidar com eles, pode acabar tornando isso alguma coisa de sucesso que vai trazer resultado.

SIMI: Como é empreender no mercado de games?

Natan: Eu acredito que o mercado de jogos, como o de empreendedorismo e startups, no Brasil, não é explorado há tanto tempo. É algo relativamente novo e o mercado de jogos, principalmente, sempre sofreu preconceito por acharem que era coisa de criança. Mas esquecem que é um mercado que já garantiu mais de 99,6 bilhões de dólares de 2016 para 2017, e que vem crescendo de 4 a 5% por ano. É um mercado gigantesco, mas no Brasil ainda é pouco explorado. Acredito que agora, de 2017 para cá, percebemos que o Governo começou a ver isso como algo importante. Nesse momento, nascem algumas leis de incentivo, alguns investimentos para incentivar a criação de jogos. Os jogos não são só aplicados para diversão e entretenimento, mas podem ser aplicados para educação, para inclusão social e várias outras coisas. É muito desafiador empreender neste mercado.

SIMI: Qual é a maior dificuldade para empreender no cenário de games?

Natan: Primeiro, ninguém da minha família tinha feito uma universidade federal. Então foi uma decisão drástica sair da faculdade e falar que não era aquilo que eu queria. Outra questão é conseguir se manter financeiramente com muito pouco, já que tem uma equipe para poder manter. Aí que está um dos maiores desafios: esse choque entre você ter o seu sonho e a sua realidade. É aí que mora o perigo, já que é preciso estar sempre com o pé no chão. A primeira vez que a gente encontra o empreendedorismo e inovação temos aquela reação “uau, que coisa bacana, sensacional”, só que é preciso ter o pé no chão. Às vezes ficamos flutuando no início. Hoje, com mais experiência, sou mentor, já ajudei mais de 250 startups, então eu falo: “Quanto tempo você tem para se manter até que seu negócio aconteça?” Porque às vezes o tanto que você tem, para o tempo que o seu negócio precisa para acontecer, não é suficiente. De início, o que você tem mais de mais importante no negócio são as pessoas. É aquela regra, pessoas boas fazem bons produtos e pessoas compram bons produtos. Se não tiver boas pessoas, não vai surgir um bom produto para aquilo ali. É um desafio, tem pouco e tem que fazer muito. Tirar da lama um diamante. Por isso são poucas as startups que conseguem alcançar o sucesso. É difícil, mas acredito que os empreendedores são pedras mal lapidadas, e que com esses erros e acertos, eles vão se polindo, e aquela pedra que você achava feia no início, de repente, enxerga o empreendedor completamente diferente depois de cinco anos.

SIMI: O que te fez ficar em Belo Horizonte?

Natan: Olha que eu passei pelo Rio de Janeiro e São Paulo, que são concorrentes do mercado empreendedor de Belo Horizonte. Eu acredito que Minas Gerais tem algo muito bacana é que o fato de o ecossistema estar se criando dentro de um mindset de união, de compartilhamento. Ao mesmo tempo que estou aqui, eu tenho como sócios a Techmall, sou mentor no Lemonade, o Fábio Veras, que é fundador da Fiemg Lab, é investidor da Gamelyst, passei pela aceleração do SEED, que também fizeram parte do nosso processo de aprendizado. Todo o ecossistema te abraça. Para a pessoa que já está aqui dentro, e tem acesso a isso, só basta sair de casa, bater na porta dos lugares e apresentar uma proposta que tenha valor de verdade. Esse é o diferencial de BH.

SIMI: O que você você para o seu futuro e da Sidequest?

Natan: Para o meu futuro eu vejo que nunca vou deixar de empreender. Acho que é uma escolha sem volta. Realmente é um mindset, é uma chave que vira. Você não vai mais conseguir entrar numa empresa, de outra pessoa, e ter que seguir regras, sem que possa dar sua opinião. Porque você se torna criativo, disruptivo, quer transformar e ter um propósito maior. E falando sobre propósito, eu realmente ainda busco entregar algo que vai mudar e agregar o mercado. Eu acho que esse é o meu propósito empresarial. E como propósito pessoal eu ainda quero ter a oportunidade de trazer para dentro do mercado de, alguma forma social, um pouco do que eu não tive acesso a infância. Que outras pessoas possam ter. Tenho esses dois propósitos que caminham lado a lado e que se complementam. Eu acredito que só vou conseguir fazer isso no momento que eu realmente tiver algo de grande impacto para o mercado. Mas isso é bem para frente, não imagino agora.

SIMI: Você tem outros projetos além da Gamelyst/Sidequest?

Natan: Hoje eu fundei uma outra empresa: a Amplifico. A gente oferece um pacote de marketing de conteúdo e engajamento para Facebook e Instagram, para micro e pequenas empresas. É aquilo que te falei, você deixa de enxergar desafios como problemas e passa a enxergar desafios como oportunidade. O empreendedor enxerga oportunidades. Você começa a se tornar empreendedor em série, não pára, está sempre olhando uma solução para as coisas

SIMI: Você tem alguém em quem se inspira?

Natan: Eu tenho meu lema. Não gosto de pegar apenas uma pessoa porque não acredito em perfeição. Tenho várias pessoas que me inspiram. Na parte de criatividade e vendas é o Steve Jobs. É bem clichê, mas eu realmente estudei muito sobre ele, e é alguém que eu odiava. Mas porque eu sempre fui muito mais para o lado do líder e gestão e não acho que ele seja inspiração nesta área. Na área de inovação e tecnologia o Elon Musk é outro clichê, mas me inspira. Na parte estratégica, o Bill Gates fez muitas coisas. A grande sacada é não pegar apenas um como exemplo, mas sim o que vários têm de melhor. Pegue cada um e veja o que eles fizeram de melhor e isso vai servir de inspiração para você.

SIMI: Você tem alguma indicação de leitura?

Natan: Tenho alguns, gosto bastante de ler. Tem o “O lado difícil das coisas difíceis”, um dos melhores livros que já li na minha vida. “De zero a um”, “Lean Startup” é legal para quem está começando. “Estratégia do oceano azul”, é muito bom. Eu acredito que esses quatro são bons livros para se ler.

Via: Simi

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#SEEDiário – O que aconteceu por aqui em maio

Maio é conhecido por ser o mês das noivas, mês das mães e do orgulho geek. Por aqui, foi um mês agitado, marcado por muitos eventos, conexões e pelas consequências da greve dos caminhoneiros, que paralisou o país.

Em meio a todos esses acontecimentos,  foi um mês intenso, em que toda a equipe se mobilizou para planejar uma chegada épica para as 40 novas startups que participam da nossa 5ª rodada de aceleração.

Quer saber mais sobre os acontecimentos no SEED? Então, continue com a gente!

 

Perfil empreendedor

Na primeira semana do mês lançamos a editoria Perfil Empreendedor, feita em parceria com o Simi Nela, contamos a trajetória dos empreendedores que passaram por aqui, mostrando as perdas, ganhos, fracassos e glórias que vêm junto com o ato de  empreender. Já lançamos quatro, confira:


Aprendizado intenso no SEED Academy

O SEED Academy, nosso programa de formação de agentes de aceleração, teve  grandes momentos em maio. Os academers tiveram contato com diversos conteúdos importantes para o trabalho com startups. Na primeira do mês semana participaram de exposições de profissionais  de mercado falando sobre vendas, estratégia, marketing e comunicação, cultura, financiamento e tudo mais que interessa o universo de empreendedorismo e inovação. Cobertura completa aqui

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Nas outras semanas, aprenderam e aplicaram as metodologias de design sprint para resolver problemas reais e colocaram na prática o que aprenderam a partir do trabalho com empreendedores acelerados pelo SEED.

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O programa contou com 240 horas de teoria e prática e encerrou-se no dia 31 de maio. Formamos 10 agentes capacitados para contribuir com o ecossistema de empreendedorismo e inovação local e global, a partir do apoio ao desenvolvimento de modelos de negócio e produtos.

O encerramento aconteceu na quarta-feira, 30 de maio, e contou com a apresentação dos trabalhos finais e feedbacks por parte dos academers e da equipe de aceleração do SEED. O programa de formação teve resultados sensacionais e todo mundo saiu feliz. Em breve, iremos contar quais foram os 06 selecionados para trabalhar conosco e para onde os outros 04 irão. Valeu, galera! ❤


Eventos no SEED

No dia 09 de maio, o SEED recebeu o Founder Institute em um evento que reuniu agentes ativos do ecossistema de empreendedorismo e inovação de Belo Horizonte.

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O Café 104 sediou o encerramento da Semana de Comunicação e Mercado da Faculdade Promove, que contou com palestras do Daniel Oliveira, coordenador de aceleração do SEED, de nomes do ecossistema, representantes do Lemonade, Hub Minas Digital e da startup Melhor Plano.  

Em 24 de maio, recebemos, no Café 104, o FuckUp Nights, realizado pela Húmus, com quatro convidados, incluindo nosso program manager, Bruno Scolari, para falar dos seus fracassos e, consequentemente, dos seus aprendizados. Foi um sucesso!

fuckupnights

Também recebemos o Red Bull Basement, no dia 26 de maio, para falar sobre tecnologia, inovação, startups, empreendedorismo e, por fim, para apresentar o projeto Basement da Red Bull.

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#SEEDRecebeu

Recebemos várias visitas especiais este mês, olha só:


SEED por aí

Nosso program manager, Bruno Scolari, além de participar do FuckUp Nights,  também representou o SEED, no dia 23 de maio, na Amcham BH, na mesa “As várias facetas do empreendedor na capital” com grandes nomes do empreendedorismo da cidade.

Fomos na inauguração da obra do P7 Criativo, uma agência de desenvolvimento da indústria criativa de Minas Gerais. O novo prédio ficará no coração da cidade, bem na Praça Sete.

Nossa Biz Dev, Lorena Mancini, participou de um webinário da Yes7 contar por que  Minas Gerais é o lugar certo para empreender.

O SEED marcou presença – tanto a equipe quanto os alumnis – no Corporate Startup Summit, da Fiemg Lab, que trouxe convidados  nacionais e internacionais de grandes empresa para falar sobre inovação na indústria, no varejo, na saúde, na construção civil e sobre transformação digital. No evento, tivemos o prazer de assistir a uma roda de conversa com um empreendedor que passou pelo SEED, Gustavo Landsberg, da Canguru Gravidez.

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Estivemos, a convite do Simi, no Sebrae Reload, um evento sobre marketing digital e novas tecnologias, organizado pelo Sebrae MG, com palestras de Martha Gabriel, Vitor Peçanha e Jout Jout.

Para fechar o mês com chave de ouro, nossos coordenadores do programa foram até a Meliuz e foram recebidos pelo CEO, Israel Salmen, para uma conversa sobre day outs, mentorias e outras formas de colaboração.


Um marco!

Atingimos a marca de 5k no Instagram e ficamos muito felizes pela confiança e parceria de todos. Bora chegar nos 10k agora? ❤


Comemoração

Túlio, nosso agente de aceleração, e a Tássia, community manager, assopraram as velinhas e comemoraram mais um ano de vida com a gente! 🎂

tulio-aniversario

E aí, curtiu os acontecimentos no SEED? Nos acompanhe nas redes sociais e fique por dentro de tudo que acontece por aqui em primeira mão. 😉

bruno_ferrao_myps

#PerfilEmpreendedor: “Growth Hacking é fundamental em qualquer startup”

conexão SEED e SIMI-01 (1)Por: Renato Carvalho/SIMI

O #PerfilEmpreendedor desta semana conta um pouco das experiências e visões do responsável pela Tecnologia e Marketing na MyPS, Bruno Ferrão. Com 39 anos, ele aposta no Growth Hacking como caminho para o sucesso de qualquer empresa.

Confira a entrevista completa:

SIMI: Como você entrou na MyPS?

Bruno: Eu tinha uma agência de marketing digital. A Juliana Brasil, fundadora da startup, foi minha colega de trabalho na Reciclo Comunicação, uma agência onde participei na criação do núcleo de inteligência digital, na época da convergência offline + digital. Fomos colegas durante um ano e meio. Quando teve a ideia de montar a MyPS, me procurou e acabei entregando uma consultoria, explicando como funciona os modelos de negócios e a gente desenvolveu a plataforma juntos. Eu recomendei que procurasse o ecossistema de startups, pois vi que o negócio tinha a ver com inovação e seria interessante para absorver o conhecimento e fazer conexões. Mais tarde, quando ela participou do programa de pré-aceleração do Lemonade, ela me procurou e me passou um monte de demandas. Eu vi que era muita coisa e que a plataforma precisaria de ajustes constantes. Foi aí que acabei entrando para a equipe.

SIMI:  Mas você já tinha tido algum contato com empreendedorismo?

Bruno: Eu frequento o SEED desde o primeiro ano, no primeiro Batch. Participei do primeiro Startup Weekend de BH e, na época, eu tinha uma startup que chamava Clube do Saldo, que também era do setor de moda e vestuário. Era um marketplace que conectava marcas de roupas com lojistas de todo o Brasil. Pouca gente sabe, mas muitas vezes, algumas marcas costumam ir para a China fazer um grande pedido, trazem um container com roupas e só conseguem vender 70%. Os outros 30% não tem destino certo. Eles não têm o que fazer com esse saldo. O Clube do Saldo pegava esse material e negociava com lojas de todo o Brasil todo com um valor mais interessante.

SIMI: Você falou que esteve presente em diversos momentos dos SEED.  O que você notou de diferença? Como foi essa evolução?

Bruno: Mudou em termos de amadurecimento. Não só o SEED, mas o ecossistema como um todo. A forma de lidar com startups e desenvolvimento de empresas evoluiu. Agora temos muito mais especialidades, mais informação, muito mais oportunidades de conexão com negócios e investidores. Há também uma participação mais ativa do estado. Naquela época não tínhamos a FINIT e esse evento sensacional é só uma ponta do trabalho que o pessoal da Sedectes está fazendo no estado.

SIMI: Como as startups lidam com a comunicação? Qual a importância de dar valor à esta área?

Bruno: Isto é uma coisa que mudou muito desde a primeira turma do SEED. No Clube do Saldo, tínhamos uma preocupação muito pequena com marketing e comunicação. Mas, esta área tem um papel fundamental no processo, não só para colocar a empresa na prateleira, mas para acelerar as vendas e proporcionar mais conexões.

SIMI: Na área de marketing, você tem algum conselho para quem está começando a empreender?

Bruno: O Growth Hacking* é indispensável para qualquer startup. Temos um grupo super ativo no Facebook que chama Growth Hackers Brasil, onde estão reunidos os principais profissionais atuantes no Brasil e a troca é muito legal. Fizemos o primeiro meetup de Growth Hackers em BH, no final do ano passado. A gente pretende fazer o segundo assim que começar a próxima rodada do SEED, porque queremos disseminar o mindset entre as novas startups.

SIMI: Na faculdade de comunicação ainda é raro ver algum incentivo para empreender. Como mudar esse mindset? Como incentivar os profissionais desta área a abrir seu próprio negócio?

Bruno: Agora que está mais claro o papel fundamental da comunicação e do marketing também no cenário da inovação, o pessoal tem que começar a participar mais e absorver mais do ecossistema e fazer parte. As startups precisam ficar ligadas nisso e procurarem esses profissionais. Normalmente, quem forma em comunicação vai procurar empregos tradicionais, que já não conta com muitos postos de trabalho. Precisamos desse pessoal mais envolvido com o ecossistema.

SIMI: Qual a importância do Growth Hacking para as empresas?

Bruno: Growth Hacker é um profissional que reúne conhecimentos de T.I, engenharia, de marketing e precisa ser criativo. Ele é fundamental em qualquer startup porque é quem vai implementar estratégias fora da curva, para alavancar e fazer crescer mais rápido. Fomos destaque no SEED na rodada passada, ganhamos uma viagem para o Vale do Silício, e o que vimos por lá, é que as startups adotam esse mindset desde o estágio inicial.

SIMI: Você tem alguma meta pessoal como empreendedor?

Bruno: Minha mãe acha que é um defeito, e eu acho que é uma virtude. Eu tenho uma coisa comigo de ajudar as pessoas. Além da MyPS, estou sempre buscando dar uma força para a galera que está empreendendo. Às vezes uma mentoria, às vezes uma consultoria, ou só uma dica, tentando mostrar algo que não tenham notado ainda. Eu tenho essa coisa de ajudar, de querer fazer parte desse processo.

SIMI: O que o SEED acrescentou para você?

Bruno: O SEED foi um divisor de águas. O crescimento profissional é uma coisa absurda: muitas conexões e muito conhecimento absorvido em um período tão curto de tempo. Eu já estava começando a trabalhar a consultoria, mas depois do SEED a coisa deslanchou. O programa agregou demais à minha vida.

SIMI: Qual é a diferença para a rotina de trabalho em uma startup e para uma empresa tradicional?

Bruno: Na empresa tradicional não é que você trabalha 8 horas por dia, às vezes é muito mais que isso também fazendo hora extra. Mas, em sua startup, é 24/7, você dorme e acorda pensando naquilo. Tudo que faz é pensando naquilo, até nos momentos de lazer. É mais prazeroso, porque você está construindo algo próprio. Além disso, a startup tem um time, que está em sua responsabilidade, as pessoas contam com você. O peso é muito maior.

SIMI: Você tem alguma referência na área, alguém em quem você se inspira?

Bruno: Um nome que qualquer Growth Hacker conhece é o Raphael Lassance. Ele é referência no Brasil em Growth Hacking e dá muita palestra pelo país. É um profissional fora de série.

SIMI: O que você gosta de fazer nas horas livres?

Bruno: Eu gosto muito de cultura. Então estou sempre trabalhando na cena musical daqui, principalmente com o pessoal autoral. Faço o BH Tattoo Festival, mas eu estou envolvido com esse pessoal das banda. Eu toco guitarra desde os 11 anos de idade e já tive uma cinco bandas. Quando era mais novo ouvia muito metal, estamos em BH, né, berço do Sepultura.

*Growth Hacking pode ser definido como marketing orientado a experimentos. Com ele, é possível encontrar oportunidades – hacks – e criar estratégias específicas visando o crescimento – growth – da empresa ou startup.

Via Simi

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#PerfilEmpreendedor – Pedro Israel revela barreiras enfrentadas em sua trajetória

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Por: Renato Carvalho / SIMI

Empreender nem sempre é fácil. Há diversas pedras no caminho, já diria Drummond, mas o processo pode se tornar mais simples com a ajuda de quem já percorreu esta trilha da inovação.

Completando o primeiro mês, o 4º #PerfilEmpreendedor do SIMI e do Seed é sobre Pedro Israel, cofundador da startup Melhor Plano, participante da 4ª rodada do programa de aceleração do Governo de Minas Gerais.

Aos 34 anos, Pedro é natural de Bom Despacho, mas mora na capital mineira desde os 15 anos de idade e conta um pouco da sua história.

SIMI: O que é a Melhor Plano?

Pedro: A Melhor Plano, basicamente, ajuda o consumidor  economizar nos serviços que contrata. Hoje, somos especializados na área de telefonia celular. Pela plataforma web da Melhor Plano, você encontra comparações entre pacotes de cada operadora, permitindo que o usuário feche um plano mais econômico conforme o seu uso.

SIMI: Quando foi o seu primeiro contato com inovação e empreendedorismo?

Pedro: Minha história como empreendedor foi acontecendo. Eu não tenho uma noção certa de quando virei empreendedor. Eu comecei com uma carreira normal, me formei em Computação na UFMG e mais tarde fui fazer mestrado fora no Brasil. Primeiro fui para a Austrália, na Universidade de Melbourne, só que eu não tinha dinheiro para os dois anos de faculdade. Eu tinha dinheiro apenas para um ano. Só que acabei correndo atrás de uma bolsa de estudos na Europa e ganhei. Larguei a Austrália, fui para lá, em um consórcio de universidades. Fiz o mestrado um semestre na Espanha, um na Itália, um na Suécia, depois voltei para Espanha e fiz minha tese lá. A partir daí eu percebi que não queria voltar para uma empresa. Eu queria ter meu próprio negócio e acabei desenvolvendo um na Espanha. Mas como não tinha raiz alguma lá, a economia não era boa no momento e o Brasil estava bem, resolvi voltar. Comecei a Livobooks, uma empresa que fazia aplicativos infantis, e foi aí que realmente entrei na área do empreendedorismo tecnológico.

SIMI: E como foi a experiência com a Livobooks?

Pedro: Eu não sabia absolutamente nada sobre o processo de startups. Cometi vários erros nesse processo. Foi uma empresa que captou investimento, chegou a fazer um produto de altíssima qualidade, com contratos com gigantes como Discovery Kids e Warner nos EUA. Só que não tínhamos um modelo de negócio bem feito. O produto era muito bom, foi eleito o melhor aplicativo infantil de 2013 pela Apple, mas o negócio não era sustentável. A empresa fechou, mas foi um grande aprendizado. Eu saí muito mal financeiramente e até considerei voltar para o mercado de trabalho, mas foi aí que comecei a Melhor Plano.

SIMI: Como foi a criação da Melhor Plano?

Pedro: Na Livobooks, eu montei um time apenas de produto. Eu não tinha gente com cabeça de vendas. Eu fiquei um ano conversando com meu sócio, o Felipe Byrro. Nós tínhamos, por coincidência, o mesmo problema com empresas de telefonia. Era muito difícil saber quanto consumíamos e quais eram as melhores opções de mercado. Foi aí que enxergamos a oportunidade. “Quantos usuários de telefonia há no país? É uma problema que todo mundo enfrenta”. Criamos a Melhor Plano, como um experimento de monitoramento de contas. Depois passamos pelo Startup Chile e mudamos o modelo para o site de comparação que é o oferecemos atualmente. Desde a mudança, crescemos muito rápido. Hoje, temos mais de 400 mil pessoas utilizando nossa solução todos os meses. Agora estamos na parte de otimizar e formatar esse produto para fazer a comparação de vários outros serviços.

SIMI: E qual foi o papel do Seed no desenvolvimento da startup?

Pedro: A gente chegou no programa já com esse modelo de comparação dando certo, mas o Seed nos proporcionou uma estruturação muito boa. Ao entrar no programa, éramos o Byrro e eu. Quando saímos, éramos sete pessoas na equipe. Hoje, estamos com 13 membros no time. Todo esse modelo de como funcionamento foi desenvolvida no Seed. Durante a aceleração aqui em Belo Horizonte conseguimos multiplicar nosso faturamento por três vezes. Foi um período muito importante.

SIMI: Quais as grandes dificuldades você enfrentou no empreendedorismo?

Pedro: O mais difícil nesse processo, sendo muito sincero, foi a falha que tive na minha primeira empresa. Em termos técnicos, o mais difícil para uma startup é fazer algo que venda no mercado, que seja sustentável. Mas eu diria que o maior desafio como empreendedor é a cabeça sempre boa, mesmo nos momentos  difíceis. O empreendedor vai passar por pressões grandes. Todo grande empreendedor já passou por períodos assim. O importante é se manter no controle da situação. Esse exercício mental de estar tranquilo, mesmo nas adversidades, é o maior desafio para o empreendedor. Saber tomar boas decisões, não decisões extremamente emocionais.

SIMI: Muito se fala de mindset empreendedor. Como você construiu o seu?

Pedro: Não sei. É difícil responder. Eu sei que mudei muito, não tenho dúvida alguma. No período de faculdade eu não tinha claro que seria empreendedor, apesar de ter feito algumas iniciativas empreendedoras, que não eram exatamente comerciais, eram aventuras (rs). Mas eu mudei muito a minha personalidade ao longo do processo. Eu era muito mais tímido, por exemplo, e acho que o empreendedor não pode ter medo de levar “não”. As coisas vão mudando ao longo do tempo.

SIMI: Qual dica você dá para formar uma boa equipe?

Pedro: A grande lição que ficou para mim é procurar pessoas diferentes de você, mas que estejam alinhadas com o mesmo objetivo. Tenho uma sociedade muito feliz com o Byrro, porque nós somos muito diferentes em termos de personalidade. Eu tenho uma visão mais analítica, enquanto ele tem uma visão mais comercial e, por isso, o negócio fica bom. Nós temos um objetivo claro, alinhado e transparente sobre o que queremos construir. Temos o mesmo objetivo, mas com maneiras diferentes de resolver o mesmo problema. Isso faz de nós um time muito forte. Então, o principal conselho é procurar alguém que não é igual e nem pensa igual a você.

SIMI: Você se inspira em algum grande nome?

Pedro: Eu acho que é bom entender quem está fazendo grandes coisas. Para mim, quem é referência é o Elon Musk. Acho que o que mais me admira nele é que depois de vender o PayPal, ele poderia ter encostado. Não precisaria se preocupar com mais nada, mas ele continua construindo coisas grandes  e arriscando seu patrimônio inteiro. É um cara em que eu admiro a coragem. Agora, historicamente, dos que eu li a respeito é o Benjamin Franklin. O que ele fez durante sua vida, para mim, ele viveu três vidas em uma só. Ele foi um escritor, um grande empreendedor. Foi parte da criação dos primeiros jornais e revistas, veio como imigrante da Inglaterra em um período de construção dos EUA. Depois foi ser cientista, descobriu vários termos usados hoje. Ele que inventou o pára-raio. Ele que mostrou que o raio era feio de eletricidade e não era simplesmente uma carga mística. É um cara que empreendeu em diversas áreas.

SIMI: Muito se fala da carga de trabalho de empreendedor. Como é a sua rotina de trabalho?

Pedro: Minha carga de trabalho varia. Há períodos mais apertados, menos apertados. Ultimamente eu tenho tido pouco tempo, estou com o tempo  cronometrado para conseguir entregar tudo. Nas última semanas eu tenho trabalhado mais de 14 horas por dia. Eu sempre reservo um tempinho para descompressão, mas há períodos intensos na empresa. Mas tento, em momentos mais tranquilos, estudar. Gosto de colaborar com a comunidade de inovação também. Sou parte de uma turma que dá aula de empreendedorismo na UFMG e faço isso de maneira voluntária. Não sou uma pessoa que sabe de tudo, mas o que tive de experiência eu vou passar para frente. Além disso, sou músico. Ultimamente tenho tocado menos, mas na outra vida que tive (rs) eu já tive uma banda que tocava pop rock em festas de faculdade. Eu gostava para caramba. Diria, talvez, que foram meus primeiros experimentos como empreendedor. Inclusive o pessoal faz essa piada: antigamente você tinha uma banda de rock, hoje tem uma startup. Eu posso dizer que fiz as duas coisas.

Via Simi

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Resultados da 5ª rodada

Fazer uma inscrição é sempre algo que demanda esforço, tempo e dedicação, certo? Seja para faculdade, para um evento, intercâmbio ou programa de aceleração.

As inscrições para a 5ª rodada do SEED começaram no dia 08 de março e foram até o dia 06 de abril de 2018. Os números foram de acordo com o esperado, assim como a diversidade de países e estados ficaram dentro do esperado pela equipe do SEED.

Confira o compilado de resultados no infográfico abaixo:

5_rodada_resultados

Os 40 selecionados serão anunciados no dia 06 de junho de 2018. Continuem nos acompanhando nas redes sociais para saber, em primeira mão, sobre os resultados do processo seletivo.

Pedro Vasconcelos _ Beer or Coffee

#PerfilEmpreendedor – Pedro Vasconcelos: “Nunca comece a desenvolver um produto antes de vender”

conexão SEED e SIMI-01 (1)

Por Renato Carvalho/SIMI 

Nesta semana, o #PerfilEmpreendedor realizado pelo SIMI e pelo Seed traz um participante da 3ª rodada do programa de aceleração: Pedro Vasconcelos, 27 anos, cofundador e diretor de operações da BeerOrCoffee. À frente da startup, ao lado de sua irmã, Roberta Vasconcelos, o empreendedor revela o momento e os motivos que levaram a empresa a pivotar.

O empreendedorismo vem de família e, desde pequeno, o engenheiro civil foi incentivado pelo pai a ter seu próprio negócio. Por isso, Pedro avalia a importância do apoio familiar. Além disso, ele acredita que o ecossistema mineiro de inovação está crescendo exponencialmente.

A BeerOrCoffe, hoje, é uma plataforma que dá acesso a vários coworkings, conectando pessoas com espaços de trabalho e também a outras pessoas. Confira a entrevista na íntegra:

SIMI: A BeerOrCoffee participou da 3ª Rodada do Seed. Em que o programa agregou à startup?
Pedro: A gente já havia participado de outros programas de aceleração, mas o Seed foi um marco enorme para a BeerOrCoffee, porque tínhamos um outro modelo de negócio. Foi um momento em que a startup pivotou para o modelo atual: um marketplace de coworkings. Então, foi essencial para nos fazer mudar e crescer. Fomos os campeões da 3ª rodada e, por causa do programa, não só encontramos um modelo sustentável e replicável, como crescemos e estamos no patamar em que nos encontramos hoje: temos 65% do mercado do Brasil.

SIMI: Quando você teve o primeiro contato com o empreendedorismo em sua vida?
Pedro: Eu venho de uma família empreendedora. Meu pai tem oito empresas na família e meu avô sempre foi empreendedor. Eu sou sócio da minha irmã e, desde casa, no nossos almoços e jantares, conversávamos sobre negócios. Desde pequenos vendíamos chocolates na escola. Minha irmã vendeu cachorro-quente enquanto estudou no exterior. Mais tarde, em 2008,  já em Belo Horizonte, minha irmã trabalhava na SambaTech, uma startup aqui de Belo Horizonte. Foi quando eu tive o primeiro contato com empreendedorismo em tecnologias e startups. No começo de 2012, nós resolvemos empreender. Tentamos uma vez, duas e na terceira vez, em 2015, começamos o BeerOrCoffee. Um pouco antes, em 2013, a gente começou o Tisdo, que era outra startup, que teve um certo sucesso. O aplicativo foi escolhido como o melhor da AppleStore, faturamos mais de R$ 1,5 milhão com vários clientes como Ambev e Três corações, mas o modelo não era replicável. Não tínhamos uma startup. Tínhamos uma agência de marketing, de desenvolvimento de software.

SIMI: E aí vocês partiram para a BeerOrCoffee…
Pedro: Em outubro de 2015, a gente iniciou a BeerOrCoffee e participamos de um programa de aceleração no Startup Chile. Em 2016, levantamos investimento anjo, participamos do Seed, ganhamos alguns prêmios, como o Google Demoday, o Startup Games, e então conseguimos esse novo modelo e escalamos. Hoje somos uma equipe de 15 pessoas. Crescemos não apenas em equipe, mas em faturamento. Estamos muito felizes com os resultados.

SIMI: Você veio de uma família empreendedora. Crescer com esse mindset empreendedor fez a diferença?
Pedro: Meu pai, principalmente, é uma figura dentro da nossa família que nos incentiva, desde cedo, a ter o nosso próprio negócio. E por mais que ele tenha o próprio negócio, a gente resolveu seguir o nosso caminho. A gente buscou uma forma de impactar muitas pessoas ao redor do mundo e isso é algo que nos incentivou bastante. Eu cheguei a trabalhar com outras pessoas, na área de turismo, de construção civil, mas ele sempre perguntava o que eu iria criar: “E aí, se você fosse fazer isso na sua área profissional, o que você faria?”, ele dizia. Ele é um exemplo dentro de casa. Tivemos esse privilégio de ver ele fazendo e nos inspirar nele, e no resto da família, para fazer igual.

SIMI: Houve dificuldades na construção do negócio, mesmo com o apoio em casa?
Pedro: 
Com certeza. O que a gente mais fez foi falhar. Estamos desde 2011 e só estamos tendo sucesso há um ano e meio, quando saímos do Seed, no começo de 2017. Em todos os outros anos estávamos errando.

SIMI: E o que você destaca de positivo durante o processo?
Pedro: Há três pontos que eu tenho que destacar. Primeiro são as pessoas que encontramos no caminho. A importância de mentores, de empreendedores e até mesmo professores, que vão te ajudar no caminho a não bater a cabeça naquilo que eles já bateram ou fazer com que você enxergue com mais clareza o seu caminho. Hoje temos um networking muito forte e as pessoas que estão ao nosso redor nos ajudam em nosso dia a dia. O segundo ponto  é fazer algo que você ama. O problema que resolvemos hoje, que é mudar a forma como as pessoas trabalham, é algo que me move. Eu tenho um computador na minha mochila e eu posso trabalhar de onde eu estiver. Se estou aqui, se estou em Bali, na Austrália, na Alemanha. Meu sócio mora em Lisboa, minha irmã fica em São Paulo, por questões pessoais. E há um alinhamento do pessoal com o profissional. Se você gosta e ama o que você faz é fácil pular essas barreiras e desafios que estão aí pela frente. O terceiro ponto é não desistir. É ter resiliência. Falhas vão acontecer. Você tem que ser uma pessoa que aprende rápido, através das conexões e da paixão que você tem. Por mais que haja obstáculos no caminho, se você ama o que você está fazendo, e se você tem pessoas boas ao seu lado, você vai conseguir ter sucesso.

SIMI: Qual erro você cometeu e que se você pudesse aconselhar alguém você diria “não faça”?
Pedro: Principalmente na área de tecnologia e startups, o erro é fazer um produto mais complexo possível, mais perfeito possível, antes de você validar sua venda. Vou dar um exemplo. Tínhamos uma base de 30 mil pessoas usando a plataforma e resolvemos lançar a parte de reserva de espaços de coworking. Para funcionar, precisávamos de ter um meio de pagamentos, acesso ao calendário, um controle para fazer as reservas e a página para o cliente acessar. Há vários pontos no produto que você tem que desenvolver, mas resolvemos não fazer nada disso. Decidimos lançar o mínimo possível, o MVP, e em um final de semana fizemos uma página com formulário. Se as pessoas estivessem preenchendo esse formulário, significa que elas queriam reserva. Dessa forma, a gente recebia um e-mail. A partir daí, fazíamos a cobrança, enviávamos a reserva para o coworking e operava tudo isso na mão. O maior erro que fizemos em outras startups foi passar vários meses desenvolvendo um produto maravilhoso, conforme nossa cabeça, e depois, quando lançado no mercado, ver que estava errado. Perdemos tempo e tivemos que mudar tudo. Nunca comece a desenvolver um produto antes de você vender. Venda primeiro, feche com o cliente, seja B2B, ou uma validação no B2C. A partir daí, quando você perceber que não está tendo mais tempo está na hora de desenvolver o produto. Eu aprendi, seja qualquer feature, um produto ou um processo novo que a gente cria na empresa,  sempre fazemos lean, simples e rápido.

SIMI: Vocês entraram no Seed como um aplicativo de conexões. Qual foi o clique para pivotar, como foi esse momento de mudança?
Pedro: Foram dois marcos importantes. O nosso agente de aceleração no Seed, o Daniel, nos fez ver qual eram as áreas que estávamos atacando. Ele nos ajudou a abrir a cabeça. Por mais que fôssemos um aplicativo de conexões, ele era mais usado em coworkings. A gente estava fechando bares e cafés enquanto as pessoas estavam se encontrando em coworkings. O nosso acelerador nos fez ver que tínhamos um erro, mas que tinha solução. Depois fomos para o Google Demoday, também por causa do Seed. Os experts do Google olharam nossas métricas e começaram a buscar modelos que poderíamos atingir. Já havíamos trabalhado em coworking. Ficamos seis meses no Seed, trabalhamos seis meses em Santiago e aprendemos a importância de estar em espaços como esses para conexões. Buscamos um modelo que já funcionava em outro mercado e trouxemos para cá.

SIMI: Como está a BeerOrCoffee hoje?
Pedro: Estamos em mais de 100 cidades, em mais de 500 espaços de coworking. Temos grandes clientes, como Banco Inter, GymPass etc. A gente tem mais de 80 mil usuários. Já representamos 65% do mercado de coworking do Brasil. Dominamos o mercado brasileiro e estamos expandindo internacionalmente para Lisboa. Passamos do break-even, já passamos da parte que se sustenta, estamos tendo um crescimento muito forte. Só nos últimos meses a gente cresceu 40% mês a mês e a vamos levantar, no meio do ano, R$ 5 milhões em uma série A.

SIMI: Você já conheceu diversos ecossistemas, já esteve em vários países. Como você avalia o ecossistema mineiro?
Pedro: Acho que o ecossistema mineiro está melhorando exponencialmente em termos de maturidade, como uma startup. Desde que entrei no Seed, há quase dois anos, era outro mercado, outro ecossistema. Acho que o que faz o nosso ecossistema forte é que temos o poder público, o poder privado, o poder acadêmico, as startups e a inovação todos juntos. Isso é muito forte. No Vale do Silício há a Stanford, as universidades em volta, o poder público é muito forte lá, e tem também o privado, que fez com que a região crescesse. O nosso mindset aqui é sempre de colaboração. Se alguém precisar de ajuda, outras startups vão ajudar sem esperar nada em troca. Essa troca faz com que o ecossistema cresça. O acesso a recursos no Vale do Silício é muito fácil, porque é a Meca da tecnologia e também porque já aconteceu a maturidade do ecossistema. Isso significa que as empresas já foram vendidas, e as pessoas que ganharam dinheiro, sejam os empreendedores ou investidores, reinvestiram no ecossistema, em novas empresas. Isso fez um ciclo, que é o que ainda não aconteceu em Minas Gerais. A partir do momento que houver esses ciclos, vamos crescer muito. O primeiro ciclo que tivemos foi a venda da Akwan para o Google. Eles quiseram manter o Google aqui, ajudar a UFMG, e pensaram no payback. É o que está acontecendo com Hyperloop que está vindo aí. Fazendo isso, o ecossistema vai se oxigenando e crescendo.

SIMI: Qual dica você dá para uma pessoa que está engatinhando no empreendedorismo, mas não consegue sair da inércia?
Pedro: Acho que o principal ponto é a observação. No começo, como empreendedor, você tem que ter esse drive de empreender. Para você ter esse drive de empreender, você tem que resolver um problema. Então no primeiro momento é ficar observando seu dia a dia. Repare na sua rotina, em algo que você não está satisfeito. Foi chamar um táxi e não conseguiu? O cara foi lá e criou o EasyTaxi. Tem que ter esse mindset aberto. Abra a cabeça para ficar observando muito, até encontrar um problema na sua vida que você percebe que pode ser problema de outras pessoas. Se faz sentido resolver, se você tem paixão por isso, faz sentido você atacar esse problema. Se não tem paixão, não vai, porque lá na frente vai ter uma dificuldade e não vai dar certo. O resto do processo tem o Seed, tem a comunidade, tem vários atalhos para te ajudar. Então, o primeiro momento é ficar observando e achar algo que faça um sentido para você.

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Diário de bordo: terceira semana do SEED Academy

Nas últimas duas semanas, os agentes de aceleração em formação pelo SEED Academy tiveram contato com diversos conteúdos importantes para o trabalho com startups. Para apresentar sobre cada tema, foram convidados profissionais especializados com experiência de mercado. Artur Jeber, mentor do SEED e CEO da Butec, puxou a fila falando sobre vendas. André Braga e David Ledson, da Sympla, contaram a história do negócio e os principais desafios do empreendimento. Rodolfo Zhouri, do Hub Minas Digital, bateu um papo sobre bootstraping e fundraising (financiamento próprio e levantamento de recursos de terceiros) para startups. Isabela Scarioli, nossa coordenadora de comunicação, falou sobre a criação e gestão de marcas em um mundo caótico. Fernando Americano, partner da Le Wagon Brasil, trouxe sua experiência com estratégia. E para fechar a semana, Grazi Mendes Rangel, people partner da ThoughtWorks, falou sobre cultura, talentos, remuneração e processos.

Túlio Vasconcelos, agente de aceleração e um dos responsáveis pelo SEED Academy, está satisfeito com a evolução do processo “o programa faz o que prega. Recebemos feedbacks diários e evoluímos permanentemente. O SEED Academy está sendo co-criado pelos participantes, ficando com a cara deles. Trazer pessoas do mercado é fundamental para que os academers entendam como a teoria funciona na prática, sejam estimulados e apliquem os conhecimentos aprendidos. O grupo tem ficado mais coeso, forte. Eles têm trabalhado juntos valorizando os pontos fortes de cada um e compensando as deficiências.”

 

Veja o que alguns participantes têm aprendido por aqui

 

Ludmilla Reis: “O interessante é que desde o começo estamos ouvindo da importância da formação em T (conhecimento transversal de diversas áreas com especialização em alguma). Com o contato com esses profissionais, pudemos ter uma base muito boa nos assuntos e entender quais nos interessam mais para aprofundarmos. Isso é muito valioso, não só para a atuação como agente de aceleração, mas para a vida.”

Fernanda Matoso: “Além de trazer muita bagagem do conhecimento específico, você consegue ver a prática dos conteúdos com os quais a gente tem tido contato, no conhecimento passado pelos especialistas. Junta o aprendizado do SEED Academy com a prática.”

 

Academers_3 semana
Fred, Ludmilla, Luciano e Fernanda.

 

Luciano Albuquerque: “Trazer pessoas de fora foi muito importante porque a gente conseguiu enxergar outros pontos de vista que foram abordados. As pessoas trataram de assuntos complexos com exemplos práticos da sua experiência. Esse contato foi essencial para entender ainda melhor o ecossistema de startups e empresas. É importante falar que participamos não só como espectadores, mas que todos os momentos foram colaborativos, com muitas perguntas. Esse é o papel do agente de aceleração, fazer perguntas. O contato com os convidados foi muito enriquecedor, muito direto, de muito diálogo.”

Frederico Silvério: “Essa semana foi focada em scale up, que significa crescer e aumentar a base de usuários. Tivemos conteúdos sobre vendas, marketing, estratégia e cultura. Visitamos a Sympla e a ThoughtWorks, o que enriqueceu muito a experiência e permitiu que  pudéssemos conversar com pessoas que têm de fato experiências para trocar.”

Juliana Brasil

#PerfilEmpreendedor: Juliana Brasil, da MyPS, conta trajetória e parceria com a Chilli Beans

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Por Renato Carvalho/SIMI

O #PerfilEmpreendedor, uma parceria entre o Portal SIMI e o Seed, desta semana traz a empreendedora Juliana Brasil, fundadora da startup MyPS, participante da 4ª rodada do programa de aceleração.

Idealista de uma plataforma de serviço de personal stylist online, Juliana tem como objetivo democratizar esse tipo de serviço no Brasil, tornando-o mais acessível a mulheres. Confira a entrevista com a empreendedora:

SIMI: Quando você começou a empreender? Como foi o seu caminho no empreendedorismo?
Juliana: Eu sou formada em publicidade. Trabalhei oito anos com marketing, mas sempre fui apaixonada por moda e tive, na verdade, uma intenção muito grande de empreender, mesmo sem a menor noção do que faria. Chegou uma época em que eu fiz minha transição de carreira. Eu já tinha feito alguns cursos na área de moda e tinha me identificado muito com essa parte de consultoria de imagem e estilo. Então deixei o Marketing e fui atuar como personal stylist autônoma no mercado, em Belo Horizonte. Tem seis anos que eu faço esse trabalho presencial como personal stylist, tanto para homens quanto para mulheres, e também para empresas, com palestras sobre vestuários corporativos. E aí desenvolvendo esse trabalho foi onde eu percebi a demanda por um serviço mais acessível. A consultoria de imagem e estilo presencial é um serviço que demanda muitas horas da profissional e por isso é caro. E não é só pela questão financeira. Ele demorado, dura uns dois meses. E, muitas vezes, a mulher quer resolver uma demanda pontual, às vezes a roupa de um final de semana, de um casamento, que ela está com dúvida. Então, não dá nem tempo dela contratar uma profissional para assessorá-la. Foi aí que surgiu a ideia do empreendimento, da plataforma, que tem esse objetivo de dar uma consultoria acessível, mais rápida, dinâmica e prática.

SIMI: E como funciona o serviço da MyPS?
Juliana: Quando a gente começou a desenvolver a plataforma, começamos a fazer várias pesquisas de mercado. Os dados que coletamos mostram que 77% das mulheres brasileiras possuem algum tipo de dúvida ou insegurança relacionada a vestuário e imagem, e 59% delas querem resolver de uma forma prática e rápida. Hoje em dia, cada vez mais, tudo está online. As redes sociais para moda são um canal muito forte, mas fica ali só na questão da imagem e às vezes a pessoa não consegue adaptar o que vê para a sua realidade. Então a plataforma tem como objetivo pegar essas tendências de moda e oferecer isso de forma personalizada a ela. Primeiro a gente entende o perfil da usuária, o tipo de corpo dela, e aí depois que fazemos a análise através de um teste, conseguimos dar tanto dicas quanto sugestões para a compra, tudo de forma personalizada. Essa é a parte gratuita da plataforma. E agora estamos desenvolvendo serviços premium, para a usuária que quer um serviço ainda mais personalizado. Funciona assim, ela paga uma mensalidade e tem acesso a uma personal stylist, tem um chat com uma profissional, e um look book mensal, com outras sugestões de looks, ainda de acordo com estilo e corpo dela. O objetivo é falar de moda, mas de uma maneira personalizada e individualizada.

SIMI: A MyPS foi sua primeira experiência com empreendedorismo?
Juliana: Eu já tinha um trabalho autônomo, como consultora,que já é uma experiência de empresa. Voltado para tecnologia, a MyPS foi o meu primeiro empreendimento.

SIMI: Durante sua jornada na MyPS qual foi a maior dificuldade que você encontrou?
Juliana: Bom, várias. É até difícil pensar em uma. Mas no início, para qualquer startup, independente da área de atuação, é muito difícil quando você se propõe a fazer algo novo, uma forma nova de ofertar um serviço. É muito difícil você acertar de cara o entendimento de como entregar esse serviço, como comunicar o serviço, sendo que é algo que ainda não existe no mercado. Essa é uma dificuldade muito grande, você saber encaixar exatamente o ponto certo do feat do produto com a demanda do mercado.

SIMI: Atualmente, a presença das mulheres no ambiente tecnológico melhorou, mas ainda é algo que as mulheres batalham bastante. Você passou alguma dificuldade nesse contexto?
Juliana: Passei por algumas, dizer que não passei por nenhuma é mentira, mas nada muito grande. A gente vê acontecer, eu vi com outras pessoas situações mais complicadas. Mas, o que eu acho principal no meu mercado, nem falo do fato de eu ser mulher, mas do fato de eu ser mulher e trabalhar com moda. A moda, dentro da tecnologia, ainda é algo muito novo. Por exemplo, você vai buscar investimento e é claro que o investidor quer investir em algo que ele acredite, mas em algo que tenha o mínimo de afinidade para ele entender do business, dar sugestões, participar minimamente. É muito difícil. Essa é uma das maiores dificuldades. Conseguir despertar o interesse dos investidores para um mercado que é de extrema importância no Brasil, que tem um faturamento de 8,4 bilhões por ano. Então é um universo gigantesco e conseguir despertar esse interesse é bastante complicado.

SIMI: Falando um pouco dos benefícios obtidos em sua passagem pelo Seed, você teve uma grande oportunidade, que foi o Shark Tank, na FINIT, no qual você firmou uma parceria com o Caito Maia, da Chilli Beans. Como foi essa experiência e a que pé que está?
Juliana: O Caito abriu as portas para a gente, somos muito gratos a ele por isso. A experiência do Shark Tank foi sensacional. Na ocasião, o Seed podia escolher duas startups para estar lá, e a gente tinha todo o fit para estar lá e fomos selecionados. Foi muito legal só de ter a oportunidade de estar naquele palco com mais de 800 pessoas.Só de estar lá e poder apresentar, não só a ele, mas para todo mundo o nosso projeto, foi demais. A parceria que o Caito nos sugeriu naquele dia foi uma oportunidade de mercado que a gente já tinha vislumbrado, que é a ideia de customizar o nosso teste de estilo para outras marcas. O que ele propôs para gente é customizar uma versão do nosso teste para o site da Chilli Beans. A pessoa faz o teste e recebe as sugestões dos óculos que combinam com ela para compra, tanto de sol quanto de grau e relógios. Depois da FINIT a gente já fez duas reuniões com o Caito e sua equipe, estamos em negociação e agora nos ajustes finais da ferramenta Em breve vamos conseguir colocar essa parceria no ar. Para nós é uma validação gigantesca.

 

No início você fazer as pessoas enxergarem o que você tá enxergando é muito difícil, ainda mais quando a pessoa não conhece o seu mercado, não está no seu dia a dia. Então você ter uma pessoa grande como o Caito Maia e a Chilli Beans, que entendem seu valor, que enxergam junto com você é super importante.

SIMI: Além dessas portas abertas, o que mais o Seed proporcionou à MyPS?
Juliana: Além do investimento financeiro, que querendo ou não, por mais que você tenha um time maravilhoso, uma ideia muito boa, um produto muito bom, se você não tiver o dinheiro para realizar seu projeto, nada vai para frente, então isso é fundamental. A aceleração que a gente teve aqui, o acompanhamento dos agentes do aceleração também foi fundamental para o amadurecimento do produto e da nossa estratégia de negócio. E um ponto que eu sempre ressalto que eu acho fundamental do Seed é que você tem uma seleção muito criteriosa para entrar. Então me surpreendeu muito a qualidade dos empreendedores. Eram empreendedores muito bons, muito focados. E quando falo que são bons, digo que quanto melhores, mais humildes são. Eles conseguem ter a consciência de enxergar o tanto que ainda falta, e a pessoa quer cada vez mais, vê um futuro muito grande. Encontrei pessoas que estão anos-luz na minha frente, e que estão com a cabeça extremamente humilde, querendo aprender também. O networking que a gente faz aqui é muito fundamental. Essa visão, esse mindset mais maduro, eu nunca vi em nenhum outro programa de aceleração que participei. Os empreendedores daqui eram bem focados.

SIMI: De quais outros programas de aceleração você já participou?
Juliana: A gente participou da pré-aceleração do Lemonade, e depois da aceleração do Fiemg Lab. A gente saiu do Fiemg Lab quando a gente passou no Seed.

SIMI: Qual dica você dá para para mulheres que querem empreender?
Juliana: A principal dica que eu dou para mulheres é não ficarem “neuradas” com essa questão, sabe? Hoje em dia todo mundo levanta muito essa questão de mulher na tecnologia ser raro, ter barreiras. Tem barreiras? Tem. Mas esquece isso. A partir do momento que a pessoa pensa de igual para igual, é o primeiro passo para que ela tenha esse feedback de igual para igual. Não é tão fácil assim, muitas vezes mesmo fazendo isso não é assim que acontece, mas acho que esse é o primeiro passo. Não ter medo, não ficar preocupada com isso. Acreditar no seu projeto é o principal ponto, independente de ser homem ou mulher, e ter um propósito muito forte. A caminhada é longa e muito difícil. Você vai enfrentar problemas diariamente. Se você não tiver muita resiliência, em algum momento você vai desistir, vai adiar o projeto. Então o fundamental é ter um propósito forte e acreditar que a ideia tem futuro.

#empreendedorismo#inovação#aceleração#moda#perfil

 

Via Simi.

Roberto Ibarra, empreendedor da 1ª e da 4ª rodada do SEED.

Conexão SEED e Simi: Conheça Roberto Ibarra, fundador da Expediente Azul

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Por Renato Carvalho/SIMI

O empreendedorismo faz parte da vida do simpático mexicano Roberto Ibarra, de 39 anos, natural de Guadalajara. Fundador da startup Expediente Azul, uma fintech que torna mais fácil e menos burocrático o recebimento de documentos por parte das instituições financeiras, Ibarra começou a empreender com 16 anos, em um negócio de vendas de computadores. Desde então, ele já passou por diversos programas de aceleração, incluindo duas rodadas do Seed, programa de aceleração do Governo de Minas Gerais.

Com o português afiado, Ibarra contou os desafios de sua jornada empreendedora, a diferença entre ecossistemas e destacou Belo Horizonte como uma cidade divertida e que proporciona felicidade aos empreendedores.

Confira, na íntegra, a entrevista e inspire-se!

SIMI: Você já empreende há quanto tempo?

Ibarra: Comecei meu primeiro empreendimento com 16 anos. Naquela época, se você queria comprar um computador, eu comprava as partes para você e te entregava o computador montado. Cada computador que eu vendia eu ganhava US$ 400 de lucro. Eu vendia um ou dois e estava rico na época (rs). Agora eu acho que se alguém ganha US$ 20 por computador é muito. Mas é um bom sinal. O empreendedor tem que estar sabendo que as coisas mudam, os modelos de negócio mudam e os mercados nascem e desaparecem. Então esse negócio que os pais falam para estudar, conseguir um bom emprego para empresas grandes, isso está difícil porque provavelmente nenhuma empresa vai durar toda vida. As empresas grandes a cada dia tem menos funcionários. Por isso, sempre fui empreendedor.

SIMI: Você já conhecia Belo Horizonte?

Ibarra: Antes do Seed eu nunca havia ouvido falar de Belo Horizonte. Para se ter uma ideia, todo mexicano acha que brasileiro é carioca. E quando a gente foi aceito no Seed nosso jeito de avaliar como era a cidade foi nos baseando pela Copa do Mundo. BH era uma cidade sede. “Ah, então deve ser uma cidade importante”, pensamos.

SIMI: Como você conheceu o Seed?

Ibarra: Eu estava em outro projeto antes, que era um aplicativo para fazer doações para caridade. O diferente é que a doação era cobrada em sua conta de telefone. Era muito simples doar. Eu estava morando no Chile, enquanto participava do Startup Chile, com aquele projeto, e eu não estava conseguindo resultados lá. O problema principal que a gente tinha era que quando a gente pegava o dinheiro da doação, a operadora ficava com metade. Então a doação acabava indo para a operadora e não para a fundação. No Chile eu recebi um e-mail, em um mailing, falando sobre o Seed. Então eu apliquei e a gente foi escolhido. Cheguei aqui em 2014, e no final descobrimos que as companhias são as mesmas, os donos são os mesmos, as regras são as mesas. Então a gente nunca soube se foi um erro da gente. Depois eu acabei me cansando daquele negócio, então resolvi tentar outra coisa.

SIMI: E aí surgiu a Expediente Azul. Como você pensou nesse modelo de negócio?

Ibarra: Eu estava tentando diferentes coisas. A minha primeira empresa séria foi uma empresa de desenvolvimento de software lá no México, chegamos a ter 70 funcionários. Um dia, já com 13 anos de empresa, a gente começou a perder a paixão pelo negócio. Decidimos vender e eu me separei daqueles sócios. Mais tarde, um desses sócios criou uma empresa financeira e ele começou a emprestar dinheiro da bolsa de valores do México. Depois de dois anos ele me liga e fala “Estou há dois anos dessa indústria e meu principal problema é pegar os documentos dos clientes para autorizar o empréstimo”. Conseguir esses documentos era uma dor muito grande, porque você precisa enviar de 15 a 30 documentos para os bancos e sempre falta um, algo está errado, está fora do prazo, faltam assinaturas, carimbos.

SIMI: E aí você viu a oportunidade de negócio…

Ibarra: Eu fiquei um mês dentro da empresa dele e eu comecei a ouvir as histórias. Quando eu vi esse problema eu pensei que já deveria existir alguma solução para isso. Eu sou de T.I e a solução não é algo muito complexo. Meu antigo sócio disse que já havia procurado muito e não achou nada. Então eu comecei a procurar e também não achei nada. Então comecei a achar a ideia interessante. Mas aí surgiram as perguntas que todo empreendedor faz. “Se ninguém resolveu o problema é porque não vale à pena ser resolvido?”. São bancos e bancos tem todo dinheiro para fazer qualquer solução que quisesse. Quando começamos a conversar com bancos grandes descobrirmos que todos os bancos têm sistemas para gerenciar documentos, mas o processo começa depois que o funcionário pegou os documentos certos e coloca dentro desse sistema. Ai tudo funciona perfeitamente. Mas o processo antes de o funcionário pegar esses documentos, e pegar esses documentos certos, é tudo manual. Começamos a trabalhar nesse problema e aplicamos para a 4ª rodada do Seed. Quando aplicamos só tínhamos um MVP, e meu sócio da antiga empresa financeira era meu único cliente. A gente foi aceito e aí muitas coisas começaram a mudar.

SIMI: O que você tirou de positivo do Seed nessas duas experiências?

Ibarra:  O que é muito legal aqui é que no final é uma comunidade. Então você começa a conversar com outras pessoas, que te apresentam para outras pessoas, que podem te ajudar. A 4ª rodada teve duas coisas muito legais: a primeira é o Day Out, visitas para outras empresas, que são incríveis porque você conhece a empresa e pode fazer várias perguntas. A outra coisa muito legal da 4ª rodada é que eles faziam bancas de investidores e de clientes e tínhamos muito feedback. Uma coisa que criticavam muito era o nosso modelo de negócio. A gente cobrava por pasta ativa. O que eu descobri depois, e demorei muito para entender, é que eles falavam que a gente estava vendendo para bancos algo a 99 reais por mês. Eles falavam que tinha algo errado, que estava barato, que eu nunca cresceria. Mas uma falha minha, que eu não conseguia transmitir, é que era o preço por 20 pastas. Até então eu não sabia explicar quanto pagaria um banco, pois não sabia quantas pastas eles precisavam. Essa não é uma informação pública. Com o tempo conversando com mais pessoas dentro do banco que eu consegui entender. Agora, a primeira coisa que eu pergunto é quantas pastas precisam por mês e, em seguida, mostro uma tabela de preços. Então aí começou a fazer muito mais sentido e os valores são maiores. Isso foi algo muito bom proporcionado pelas bancas e das visitas.

SIMI: E da primeira rodada? O que te marcou?

Ibarra: Na primeira rodada eu gostava muito mais da localização, porque era no Lourdes, rodeado de bar. E eu posso falar isso, sou empreendedor, uma coisa que vale muito para os empreendedores é a felicidade. O empreendedor tem muita mobilidade, então escolher um lugar onde ele pode morar e ser mais feliz é algo importante. BH é a capital do bar, o povo é muito receptivo. Isso é um grande diferencial sobre o porquê escolher essa aceleradora (Seed) e não a de outro lugar. Para quem vem de fora é muito melhor e mais simples e confortável morar em BH. Na 1ª rodada eu descobri todas essas coisas, o coworking era numa zona com muita atividade social. Iss, soma ao que o Seed te dá e as coisas vão acontecendo.

“Quase todos temos o mesmo hardware, o cérebro é igual para todos. O que está diferente é como você acha que pode resolver os problemas. É assim que você avança, pensando em formas diferentes de solucionar problemas”

SIMI: Ao longo de todo esse tempo de empreendedorismo, o que você destaca como as maiores barreiras?

Ibarra: As maiores barreiras que eu tenho até hoje, e por isso estou nesses programas para buscar ajuda, é que o próprio empreendedor freia o empreendimento a crescer. Faço parte de um grupo do Fórum Econômico Mundial, que o nome é Young Global Leaders. Então quando você vai lá, há pessoas que criaram companhias aéreas, políticos, empreendedores sociais etc. O que eu descobri passando tempo com eles é que quase todos temos o mesmo hardware, o cérebro é igual para todos. O que está diferente é como você acha que pode resolver os problemas. É assim que você avança, pensando em formas diferentes de solucionar problemas. Como mudar o software que está na cabeça para tirar as restrições que você tem, para poder crescer mais. É isso que eu estou procurando: um lugar onde eu estou conversando com pessoas e que eu sinta que eu sou a pessoa mais boba do lugar. Dessa forma,vou aprender e me desenvolver, para pensar de uma maneira diferente. Em toda minha trajetória empreendedora, sempre procurei ficar com pessoas mais experientes que eu, para pegar esse tipo de software de uma maneira mais acelerada, sem ter que desenvolvê-lo sozinho, porque isso demora mais tempo.

SIMI: Você já passou por vários ecossistemas diferentes, como México, Chile e Brasil. O que eles têm de comum e o que tem de diferente?

Ibarra: Nunca pensei nesse nível de detalhe, mas no México a política pública é diferente. Lá eles têm um escritório do governo para atender os empreendedores, mas há poucos programas para empreendedores que estão começando. Tem muitos programas de treinamento, mas não tem algo como o Seed, com esse investimento. Eles têm programas para empreendedores muito novos e para empreendedores que estão escalando. Mas se você está um pouco além do início, aí tem um buraco e é bom procurar em outros lugares, como Startup Chile ou aqui no Brasil. Já no Chile, o Startup Chile já tem muitos anos, e como foi o primeiro da América Latina, então se tornou referência para pessoas dos EUA e da Europa. Lá, praticamente todas as semanas, tinham pessoas muito importante visitando o Chile para ver o que estava acontecendo. Então você tinha a possibilidade de conhecer gente do mundo inteiro. Nesse caso eu não consegui aproveitar isso porque eu não estava avançado como eu estou hoje. Eu não tinha nada para adicionar valor a eles.

Já no Brasil, no Seed, eu sempre falo isso e ninguém acredita, mas aqui é muito divertido. E isso é importante porque se você se sente bem, você vai entregar bons resultados. Dos programas de aceleração que eu conheço, participei do México, Europa, Chile e Brasil, esse é o único que oferece happy hour para unificar os empreendedores. É uma coisa muito boba, mas faz muita diferença. Tinha o escritório no Lourdes e para mim era muito disruptivo, já que havia aquelas maquininhas que vendem biscoito, mas que vendiam cerveja também. Nunca tinha visto isso, principalmente em programas do governo. Lá não tinha regra nenhuma de consumo de álcool, mesmo assim nunca vi um empreendedor beber uma cerveja antes das seis da tarde. Todos entendiam o momento daquilo. Essa parte social é muito mais forte aqui.

Outro ponto legal daqui, é que hoje o Banco Inter é nosso cliente porque uma pessoa que trabalhava no Seed me apresentou ao cara certo lá. Essa é a importância das coleções sociais. Quando você cria um laço com a pessoa, um vínculo, elas te ajudam mais. Foi aí que começamos a decolar, antes disso eu já tinha desistido de vender para bancos. Estava desmotivado, mas quando essa pessoa me ajudou foi muito legal.

SIMI: E a Expediente Azul hoje? Está crescendo bem?

Ibarra: Estamos bem. Quando entramos tínhamos um cliente. Agora temos 41 instituições financeiras, bancos no Brasil, em Curaçao no Caribe. No México temos instituições financeiras e empresas que oferecem serviços para o banco. Estamos avançando, conseguindo validar. Fechamos uma rodada de investimentos com um fundo do México, já estamos conversando com outro fundo de investimento. A gente ainda é startup, não saímos do vale da morte, mas estamos na luta todos os dias.

SIMI: Tem alguma dica para quem quer vender a sua empresa?

Ibarra: A dica para vender uma empresa é igual para vender qualquer coisa. Comece a ligar e oferecer a empresa como se fosse qualquer produto, porque no final a empresa é o produto mais caro que o empreendedor tem.

Conheça mais sobre a Expediente Azul

A Expediente Azul é uma ferramenta voltada para instituições financeiras que analisa e armazena os documentos enviados por um usuário interessado em um empréstimo, gerenciando as comunicações interativas. Saiba mais em http://pastas.expedienteazul.com.

Via Simi.